Portugal, Avante
Guantanamo a Setback for Civilization

Translated By Brandi Miller

June 15, 2006

Portugal - Avante - Original Article (Portuguese)   



[Zapiro, South Africa](above)


BBC NEWS VIDEO: U.S. military lawyer says Guantanamo
military tribunals 'illigitimate,' June 13, 00:02:41RealVideo

RealVideo[SLIDE SHOW: Guantanamo].

Military Police Escort Detainee at Camp X-Ray. (below)






Processing Suspected Al-Qaeda and Taliban Detainees
at Camp X-Ray at Guantanamo Bay, Cuba, January 2002. (above).




Watchtower guard at Camp Delta, the Long-Term Detention
facility at Guantanamo, built in 2002. (below)



The news ran in bulletins apparently without impressing the world: last Saturday, three prisoners were found dead in their cells at the American military prison at Guantanamo.

The U.S. Department of Defense has frequently congratulated itself for "never having lost a life in Guantanamo." This was an attempt at "preemptive propaganda," to reduce the global condemnation that arose the very day this contemptible American military prison opened in 2002, provocatively installed on a base encrusted in Cuban territory. The brutal comments made by American authorities about what happened added to the confusion, especially for the commander of this detention center, Admiral Harry Harris, who declared: "It was an act of war."

[Editor's Note: Admiral Harris' full comment was, "They have no regard for human life, neither ours nor their own. … It was an act of asymmetric warfare against us."]

It is a wonder that given the admiral's reasoning, he didn't have the corpses shot to punish them for this "act of war"… Perhaps that way, some sense could be made of President Bush's bizarre insistence, in commenting on the deaths of the three prisoners, that, "the bodies be treated with a maximum of respect." Through the thick fog of Bush's ignorance, this perhaps provides a glimpse of the essential mechanisms that move his administration …

The truth is that Guantanamo is an abnormality of such dimension that even the Bush Administration's allies are compelled to declare that the prison, "is a place without law." And that "either they move it to the U.S. or they close it," as Britain's minister for Constitutional Affairs, Harriet Harman told the BBC, or that Guantanamo is, "an anomaly that must end," as was recently said by Britain's own Prime Minister, Tony Blair.

So far the democratic world, unquestionably the most civilized, and the social and economic leaders of the planet, have limited themselves to vague and inconsistent protests against this indignity. This is all while they actively collaborate with the Bush Administration, as was recently discovered with the famous "CIA planes" that transport prisoners to Guantanamo and other prisons, where they can be tortured without imposing direct responsibility to the U.S. and other E.U. nations, like Great Britain, Spain, Italy, France or Portugal, just to mention a few.

In fact, what is happening at Guantanamo stinks to high heaven and reflects the grotesque and extremely dangerous law of might, which the Bush Administration has dared to re-implant on global affairs.

In Guantanamo, on the pretext of "combating terrorism" and "defending America," the Bush Administration claims the right to arrest any person captured anywhere in world. The American secret services, on mere suspicion, denies these people all legal rights, such as the right to a legal defense, the right to be formally charged, or to be recognized as a prisoner of war, a citizen, or even a person.



Relief of Hammurabi, 1792-1750 B.C.,
from the chamber of the U.S. House of
Representatives.

[RealVideoHammurabi]
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From its seat of power, the Bush Administration has caused the regression of human civilization a good 4,000 years, back to the "Code of Hamurabi," when for the first time laws were adopted recognizing the duties and rights between people in society ...

This is also what happened under the German Nazis, before the mass slaughtering began. As Hitler and his criminal regime incarcerated millions of people in concentration camps in the name of "defense of living space," the "democratic world" in Great Britain, France, and the United States twiddled their thumbs, looking to profits from their bogus business with the great Nazi power.

Portuguese Version Below

Três mortos

A notícia correu todos os noticiários sem, aparentemente, impressionar o mundo: no sábado passado, três prisioneiros foram encontrados mortos nas suas celas da prisão militar norte-americana de Guantánamo.

O Departamento de Defesa dos EUA congratulava-se frequentemente por «jamais ter perdido uma vida em Guantánamo», numa provável tentativa de «remissão propagandística» que mitigasse a condenação maciça que lavra pelo mundo desde o primeiro dia de funcionamento desta ignóbil prisão militar norte-americana provocatoriamente instalada em 2002 numa base incrustada em território cubano. Deixou de o poder fazer, ficando desoladoramente escarolados os comentários brutais das autoridades norte-americanas sobre o acontecimento, com relevo para o comandante deste centro de detenção, o almirante Harry Harris, que declarou: «Foi um acto de guerra».

faltava que, na decorrência deste raciocínio do almirante, agora também fuzilassem os cadáveres para lhes castigar «o acto de guerra»... Talvez assim faça algum sentido a bizarra insistência do presidente Bush, no seu comentário às mortes dos três prisioneiros, para que «os corpos sejam tratados com o máximo respeito». Por entre o nevoeiro da sua espessa ignorância, quiçá o homem tenha uma ideia sobre os mecanismos essenciais que movem a sua administração...

O certo é que Guantánamo é uma anormalidade de tal dimensão, que até aliados caninos da administração Bush se vêem compelidos a declarar que esta prisão «está numa terra sem lei», pelo que «ou a mudam para os EUA ou a fecham», como declarou à BBC a ministra britânica dos Assuntos Constitucionais, Harriet Harman, ou que Guantánamo é «uma anomalia que tem que acabar», como disse recentemente o próprio primeiro-ministro britânico, Tony Blair.

Até agora, o mundo dito democrático, civilizado e incontestavelmente na liderança sócio-económica do planeta tem-se limitado a formalizar protestos tão vagos como inconsequentes contra esta indignidade, enquanto à sorrelfa colaboram activamente com a administração Bush, como se descobriu recentemente com os famosos «voos da CIA» a transportar prisioneiros para Guantánamo e outras prisões onde pudessem ser torturados sem responsabilização directa dos EUA e através dos territórios de vários países da União Europeia, como Grã-Bretanha, Espanha, Itália, França ou Portugal, para falar apenas de alguns.

Na verdade, o que se passa em Guantánamo brada aos céus e é o espelho da grotesca e perigosíssima lei do mais forte que a administração Bush ousou reimplantar nas relações mundiais.

Em Guantánamo, e a pretexto de «combater o terrorismo» e «defender a América», a administração Bush arrogou-se no direito de prender quaisquer pessoas capturadas em qualquer parte do mundo apenas por «suspeitas» engendradas ou coligidas por serviços secretos norte-americanos, negando a essas pessoas quaisquer direitos, sejam os de defesa jurídica, de acusação formal ou sequer de existência como prisioneiros de guerra, cidadãos ou, mesmo, pessoas.

De uma assentada, a administração Bush fez recuar a civilização humana até aos primórdios do «Código de Hamurabi», uns bons 4000 anos, quando pela primeira vez se coligiram leis reconhecendo a existência de deveres e direitos entre pessoas em sociedade...

Foi também o que aconteceu na Alemanha nazi, ainda antes do desencadear da hecatombe, quando Hitler e o seu regime facínora encarceravam em campos de concentração milhões de pessoas em nome da «defesa do seu espaço vital», enquanto o «mundo democrático» na Grã-Bretanha, na França e nos EUA assobiavam para o ar, procurando lucrar em negócios cada vez mais espúrios com a grande potência nazi.