Diario Economico,
Portugal
We are All Subject to America's Culture Wars
No one in this world can escape what happens in the United States: when the U.S. has the flu, at the very least, the West is constipated and the world sneezes.
By Jorge A. Vasconcellos*
Translated By Brandi Miller
October 9, 2006
Diario Economico - Portugal - Original Article (Portuguese)
The his latest
book, Bill O'Reilly, the cable TV commentator with the largest audience in America,
focuses on the current fight between secularists and traditionalists in the
United States.
The feirce conflict is
more cultural than partisan, since both parties (the Democrats
more, the Republicans less) are divided within. The struggle has penetrated the
press and has been taken up by the courts. And ultimately, this is an important battle for all
of us, since no one in this world can escape what happens in the United States:
when the U.S. has the flu, at the very least the West is constipated and the
world sneezes.
What distinguishes secularists from the progressives are
essentially two things: the role of God in life and intransigence when it comes
to values.
Most
secularists are atheists or agnostics, whereas the traditionalists are
believers: usually Catholics, Protestants, Jews, etc. There are a number of practical
implications to this, one of which is the most recent controversy. In the fall
of 2005, the ACLU along with various foundations led a campaign to substitute
the words Happy Holidays for the word Christmas in publicity
campaigns for Sears, K-Mart, Walmart, etc. They also sought
changes in the way the customers were greeted in the stores and to prohibit
Nativity scenes and Christmas trees in public places; etc.
The fight
ended in total victory for the traditionalists. In December 2005, the American
Congress introduced bill number 579 that "defends the symbols and
traditions of Christmas and supports their public use."
The
second front of the battle is in regard to values: Intolerance from the
traditionalist side and relativism from the secular camp.
This
comes down to a few areas. Abortion: no versus yes, (with and without
limitations); terrorism: combat or dialogue; fiscal organization: limited (to
not discourage individual responsibility) versus progressive (to redistribute
income); criminal sentences: severity versus leniency with medical treatment.
For some, the party guilty of a crime is responsible for all the consequences;
for others, society too carries some responsibility.
A good
recent example is the proliferation of Jessica's Law amongst a number of
states. The law forces judges to sentence anyone found guilty of a sex crime
with a minor to a minimum of fifteen years in prison. On the other side are supporters
of treatment for perpetrators. One such person is Judge Cashman of Vermont. In 2006 he sentenced a child rapist who confessed to repeatedly
raping a girl over the course of four years, to a 10-year term with all but 60
days suspended, so that the rapist could get treatment outside of prison.
Frenchman Alexis de Tocqueville, as He
Set Out on His
1825 Voyage to America.
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The
American people see themselves more as more traditional (2/3) than secular
(1/3), according to a Pew Research poll. In Europe? The country most similar to the U.S. is Great Britain, which explains the
reason that the two understand each other so well in political terms,
especially foreign policy
As for
the majority of Europe, the differences reinforce the idea of American exceptionalism first recognized
by Alexandre de Tocqueville in the 19th century. That is, there is an acute difference in values and mindset between
the U.S. and Europe, and from there all else follows.
*Jorge A. Vasconcellos e Sá,
Professor (Master's Druker School and PhD from
Columbia University)
Portuguese Version Below
'Culture warrior'
Ninguém no mundo escapa ao que se passa nos EUA: quando os EUA têm gripe, o ocidente constipa-se e o mundo espirra. No mínimo.
Jorge A. Vasconcellos e Sá
O último livro (18/9) de B. O'Reilly, apresentador do programa de maior audiência na Tv cabo dos EUA, foca na actual luta entre secularistas e tradicionalistas nos EUA.
Uma luta cultural, mais que partidária, já que quer o partido democrata (mais), quer o republicano (menos), se dividem entre uns e outros. Uma luta acirrada (na imprensa, com processos em tribunal, etc.). Finalmente, uma luta importante, já que ninguém no mundo escapa ao que se passa nos EUA: quando os EUA têm gripe, o ocidente constipa-se e o mundo espirra. No mínimo.
O que distingue os secularistas e os progressistas são essencialmente dois aspectos. O papel de Deus na vida. E a intransigência face aos valores.
A maioria dos secularistas são ateus ou agnósticos. Os tradicionalistas, crentes: católicos; protestantes; judeus; etc. Daqui decorrem várias implicações práticas, entre as quais a polémica mais recente. Foi no outono de 2005, uma campanha da ACLU e várias fundações, a
favor da substituição da palavra Natal por Festa Felizes, nas campanhas publicitárias da Sears, K-Mart, Walmart, etc.; no modo como os empregados se despediam dos clientes; na proibição de haver presépios e árvores de Natal em praças públicas; etc.
A batalha terminou com uma vitória total dos tradicionalistas. Em Dez. 2005, o congresso americano introduziu a medida nº 579 que "defende os símbolos e tradições do Natal e apoia o seu uso público".
A segunda frente de batalha, respeita aos valores. Intransigência do lado tradicionalista. Relativismo no campo secularista.
O que se traduz em várias áreas. Aborto: não versus sim, (com e sem limitações); terrorismo: combate ou diálogo; fiscalidade: limitada (para não desincentivar o esforço e responsabilidade individual), versus progressiva (para redistribuir o rendimento); sentenças judiciais de
crime: dureza versus leniência mais tratamento médico. Para uns o culpado de um crime é quem o faz; para outros a sociedade também tem culpa.
Paradigmático recentemente, tem sido a proliferação da Jessica's law por vários estados dos EUA, que obrigam os juízes a sentenciarem a um mínimo de quinze anos de prisão, todos os condenados por crimes sexuais com menores. Do outro lado, estão os apologistas de tratamento, de que é expoente o juíz Cashman do estado de Vermont. Em 2006 sentenciou um violador de uma criança, repetidamente durante 4 anos, a uma pena de prisão efectiva de 60 dias e suspensa de 10 anos. Para o violador poder receber tratamento fora da prisão.
O povo americano revê-se mais nos tradicionalistas (2/3) que nos secularistas (1/3) segundo a Pew Research. Na Europa? O país mais semelhante aos EUA é a Grã-Bretanha. O que explica que sejam os dois que se entendem melhor em termos políticos, nomeadamente externa.
Quanto à maioria do resto da Europa, as diferenças actuais, apenas reforçam o excepcionalismo americano, pela primeira vez reconhecido por A. de
Tocqueville no século dezanove. Isto é, a diferença do quadro de valores e mental entre os EUA e a Europa tende a acentuar-se. Com tudo que daí decorre.
Jorge A. Vasconcellos e Sá, Professor catedrático (mestre Druker School e PhD pela Columbia University)