Always Obama

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Obama não foi uma desilusão. Se não correspondeu – duh! – às expectativas de toda a gente que votou nele, desde quando é que isso era matemática e politicamente possível?

Obama é inteligente, bom, generoso, honesto e tão optimista como realista: uma raríssima combinação. Ficará na história mais pelas coisas que não fez – pelos erros que se recusou a perpetuar – do que pelas coisas que conseguiu, num sistema político que parece ter sido concebido para derrotar qualquer vaga inclinação no sentido da social-democracia.

Todos os presidentes dos EUA escolhem os conselheiros que querem. Obama aconselha-se muito mas as decisões parecem ser sempre dele, depois de ter ouvido atentamente todos os conselhos à disposição dele.

Esta semana o New York Review of Books dá a capa e a abertura à conversa do “President Obama” e da (excelente romancista) Marilynne Robinson. É só a primeira parte. Daqui a uma quinzena virá a segunda.

Lê-se de graça no website da revista. A ideia inteligente que Obama conseguiu pôr em prática foi ser ele a entrevistar a escritora.

Embora a entrevista, disfarçada de conversa, sofra de um excesso de transcrição o que salta à vista é a atenção de Obama. Explicando que as campanhas, por causa das viagens têm muito downtime, Obama revela que passou algumas dessas horas de intervalo a ler os romances (poucos e muito bem escritos) de Robinson.

Será que o mundo e os EUA vão perder Obama? Seja em que forma for, é claro que não.

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