American Agencies Are a Threat to European Stability

<--

Agências americanas são ameaça à estabilidade europeia

(ACTUALIZADA) O Presidente da República disse hoje que as decisões das agências de ‘rating’ norte-americanas são “uma ameaça à estabilidade da economia europeia” e considerou a descida de ‘rating’ português pela Moody’s “escandalosa”.

Em declarações aos jornalistas no Alentejo, Cavaco Silva afirmou que o problema não é só português e alertou: “O projecto de construção europeia fica mais frágil se 27 chefes de Estado e de Governo se deixarem condicionar pelas decisões de três agências norte-americanas”.

O caso da descida de ‘rating’ de Portugal em quatro níveis, esta semana, foi o “detonador que despertou os líderes europeus para enfrentarem o que têm vindo a fazer as agências norte-americanas”, considerou o chefe de Estado.

“Os 27 chefes de Estado europeus têm a obrigação de dar a resposta para defender este projecto tão importante, que é o projecto da moeda única”, afirmou.

O Presidente da República aproveitou uma visita ao Centro de Educação Ambiental da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) no concelho de Castro Verde para tecer fortes críticas à descida do “rating” da dívida pública portuguesa pela agência Moody’s.

“Este caso é um pouco escandaloso, podemos dizer assim, no caso português. Foi como que um detonador que despertou os líderes europeus” para a actuação das agências norte-americanas, insistiu.

Segundo Cavaco Silva, a descida do ‘rating’ português “é totalmente injustificada” e “é a prova de que a falta de transparência, a falta de objectividade das agências de notação norte-americanas, é uma ameaça à estabilidade da economia europeia, da zona Euro e do bem-estar dos cidadãos”.

“Compete à União Europeia (UE) dar-lhes a devida resposta, porque estamos perante uma ameaça a questões fundamentais da UE”, frisou.

Além disso, “deve ser uma prioridade da agenda europeia”, argumentou Cavaco Silva, “libertar a Europa da influência das agências de notação norte-americanas”.

Insistindo não ver “nenhum fundamento” na decisão da Moody’s, porque o actual Governo “acabava de tomar posse e começava a implementar o acordo de assistência financeira” estabelecido com a “troika”, o Chefe de Estado congratulou-se com as “posições de repúdio” que surgiram “um pouco por toda a Europa”.

“A decisão do Banco Central Europeu”, exemplificou, “foi muito importante, ao declarar que, em relação aos países sujeitos a programas de assistência financeira, não se regia pelas apreciações das agências de ‘rating’, mas sim pelas análises feitas” pelo próprio organismo, pelo FMI e pela Comissão Europeia.

Questionado sobre se notou alguma falta de reacção da parte do Executivo liderado por Passos Coelho, Cavaco Silva defendeu que “Portugal não devia reagir em primeiro lugar”.

“Era importante que o repúdio fosse manifestado em primeiro lugar por outros países, caso contrário dir-se-ia que é um caso português. Mas este não é um caso português, é, claramente, um caso europeu”, argumentou.

About this publication