Agreement Dilutes Risk of New War in the Middle East

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Acordo dilui risco de nova guerra no Oriente Médio

Negociação com potências lideradas pelos EUA pavimenta caminho para um acerto definitivo, que, se implementado, impedirá o Irã de fazer bomba nuclear

POR EDITORIAL

03/04/2015 0:00

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Irã, EUA e outras cinco potências anunciaram ontem que chegaram a um consenso sobre os parâmetros gerais e específicos de negociações sobre o acordo nuclear iraniano. Com isso, estabeleceu-se um itinerário de conversações até 30 de junho, prazo final para um acerto definitivo, que impeça o país persa de desenvolver armamento nuclear.

O desfecho de ontem esteve várias vezes ameaçado, em razão não apenas dos impasses que emergiram durante a maratona de conversas, em Lausanne, na Suíça, mas igualmente por ataques inesperados externos. Em especial os golpes desferidos ao tratado pelo premier israelense, Benjamin Netanyahu, em discurso no Congresso americano; e de parlamentares republicanos, que chegaram a enviar uma carta ao líder supremo do Irã, Ali Khamenei, ameaçando vetar o acordo firmado pela Casa Branca e aliados.

Apesar de significar um passo importante — inclusive por desestimular uma corrida armamentista no Oriente Médio —, representantes das nações envolvidas nas negociações mostraram cautela, reconhecendo que ainda será preciso superar entraves e definir detalhes complexos. Mesmo assim, era visível o tom otimista dos negociadores, especialmente do secretário de Estado americano, John Kerry, e seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif. O presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou que os parâmetros definidos ontem pavimentam o caminho para um acordo definitivo em junho. Já o presidente americano, Barack Obama, celebrou o acordo como um evento histórico, acrescentando que se trata da melhor solução possível e uma alternativa “a uma nova guerra no Oriente Médio”.

Um dos impasses em Lausanne foi a exigência dos negociadores iranianos de suspensão imediata das sanções econômicas contra o país. Ficou acertado, porém, que estas só serão retiradas se houver um acordo definitivo em junho. Foi uma decisão acertada. A aplicação dessas medidas se mostrou eficaz, ao levar Teerã à mesa de negociação após anos de resistência. Portanto, tal fator de pressão deve ser mantido. Além do mais, os interesses do Irã no Oriente Médio e seu papel como financiador de grupos como o Hezbollah, no Líbano, e as milícias xiitas houthis, no Iêmen, não tornam o país dos aiatolás, de uma hora para outra, confiável.

Com o acerto de ontem, estabelece-se uma moratória de dez anos, durante a qual o Irã terá seu programa nuclear restrito à produção de energia elétrica e uso medicinal, com limitada capacidade de enriquecimento de urânio. Estipula ainda um prazo mínimo de um ano, antes que o país possa restaurar sua capacidade nuclear total. Além disso, submete o governo persa à vigilância estrita de inspetores internacionais. O ponto principal é que, se for completamente implementado, o acordo impedirá que o Irã desenvolva a bomba atômica.

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