Obama vs. McCain: A Shower of Money

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Chuva de dinheiro

Se ninguém é capaz de apostar quem vai ser o futuro presidente norte-americano, uma coisa é certa: a campanha não tem nada de baratinha. Ao contrário, é uma fábrica de dinheiro, por um lado, e um saco sem fundo do outro.

A disputa está sendo entre a “experiência” do septuagenário John McCain, republicano, e a “mudança” prometida pelo razoavelmente jovem Barack Obama, que já tem a maioria dos delegados democratas. Na arrecadação de fundos, McCain usou sua experiência para repetir uma forma velha e ultrapassada que tem o foco nos grandes doadores e nas grandes somas. Já Obama de fato inovou e está dando de lavada ao recolher pequenas quantias de milhões de eleitores pelo país afora, via internet.

Nisso, Obama já ganhou. Em abril, último registro de arrecadação, ele teve em torno de US$ 31 milhões (pouco mais de R$ 50 milhões), contra os US$ 18 milhões (em torno de R$ 29 milhões de McCain).

Isso é curioso por vários fatores, e um deles é que os republicanos, conservadores e ligados ao grande capital, costumam ser muito mais ricos. Um pequeno exemplo é aqui onde estou agora, Albuquerque, no Novo México: o comitê dos democratas é pequeno, bagunçado, com uma péssima secretária. Já o dos republicanos é um luxo: fica num local elegante, a meio caminho de Santa Fé (a capital do Estado), organizado, limpo, eficiente.

Logo, logo, isso vai mudar. Obama tem os votos jovens, os negros e os intelectuais, além de já ser um fenômeno mundo afora, mas ele precisa dar um jeito de atrair o poderoso eleitorado latino que preferia Hillary Clinton escancaradamente. Um dos paraísos do voto latino é, até por motivos óbvios, o Novo México, onde 43,3% da população é hispânica e apenas 1.8% é de afro-americanos.

Bush perdeu por menos de um por cento para Al Gore aqui em 2000 e ganhou também por menos de um por centro do John Kerry quatro anos depois. E uma das peculiaridades da eleição americana é essa: não importa se o sujeito ganhou por um ou por mil. Se ganhou, leva todos os votos do Estado.

A eleição está interessantíssima, não só porque começou com o favoritismo de uma mulher e chega na reta final com o primeiro negro disputando a presidência da maior potência mundial com um republicano que, há um ano, ninguém imaginava com tanto fôlego na corrida. Está, também, porque não há mais aliados automáticos e tudo pode acontecer. Só novembro dirá.

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