Bush Enlivens Workers Party Celebration

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Bush faz a festa do PT

Acredite. O presidente dos Estados Unidos, George Bush, provocou um clima de festa entre os petistas reunidos ontem para comemorar o aniversário de 200 anos do Ministério da Fazenda. Ministros, assessores e economistas ligados ao PT não se continham de felicidade ao comentar a decisão do norte-americano de soltar um megapacote de ajuda financeira de US$ 200 bilhões a duas instituições falidas do setor imobiliário. “Colocaram o último prego no caixão do neoliberalismo”, era o que mais se ouvia nas rodinhas de conversas antes, durante e depois do evento realizado aqui em Brasília.

Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil e a candidata presidencial do presidente Lula, fazia questão de dizer que os Estados Unidos nunca praticaram o neoliberalismo puro. Não só eles, mas também a Europa e Japão, afirmava ela, acrescentando que sempre recomendaram que os países em desenvolvimento seguissem essa receita econômica. Mais ou menos na linha façam o que digo, não façam o que faço. Ou, nas palavras literais da ministra, que defendeu a medida do governo norte-americano: “Essa história de neoliberalismo só vale para nós. Nunca houve neoliberalismo no mundo capitalista desenvolvido”.

A satisfação era tanta que havia petista fazendo uso de algo que sempre criticaram no passado para alfinetar os Estados Unidos. Foi o caso da economista Maria da Conceição Tavares. “Enterraram o neoliberalismo de uma maneira trágica. Custou uma fortuna. O nosso Proer foi mais baratinho”, ironizou, recordando o programa lançado no governo Fernando Henrique Cardoso para socorrer bancos falidos. Programa semelhante ao lançado pelos Estados Unidos agora e tão bombardeado pelo PT naquela época no Brasil.

Engraçado foi ouvir de petistas não só ironias, mas também elogios ao governo norte-americano. Na verdade, elogios irônicos. “É o pragmatismo responsável”, destacou o ministro Guido Mantega (Fazenda), quando foi questionado sobre o socorro às duas gigantes do mercado imobiliário norte-americano. “Desmistifica a idéia de que mercados livres sempre levam ao melhor resultado”, acrescentou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.

Nas rodinhas do evento, apesar dos comentários irônicos, todos defendiam a medida sob a justificativa de que seria um desastre para o mundo se as duas gigantes Fannie Mae e Freddie Mac quebrassem. É isso aí. Nada como um dia depois do outro. Ou melhor, nada como chegar ao poder depois de ter sido oposição. O que ontem era criticado aqui, hoje é elogiado ali. Não sem boas alfinetadas.

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