WASHINGTON – Em mais uma segunda-feira negra, os mercados mundiais desabaram.
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Loja de calçados faz “promoção da recessão” em Washington; compre um e leve dois
Desta vez, parecem contaminados por uma freudiana “pulsão de morte”, onde o derretimento se auto-alimenta com notícias negativas na economia não-financeira. É essa economia real, da rua, quem vai, em última análise, determinar os preços futuros das ações nas Bolsas de Valores. Daí a queda: a aposta é numa recessão geral.
O mercado brasileiro foi um dos mais castigados por esse movimento, não necessariamente por uma expectativa de forte desaquecimento de sua economia. A Bovespa era uma das que vinham se mantendo mais valorizadas desde o início da crise. Agora sucumbiu, na esteira de uma real perspectiva de forte queda na atividade em todo o planeta.
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Consumidora deixa loja que passou a dar descontos de até 50% para vender mais
Altamente influenciada pelos preços de commodities, que devem ser afetados por uma recessão, não havia outra direção possível para a Bolsa brasileira, a não ser para baixo.
A crise também se alastrou mais claramente dos EUA para a Europa. No fim de semana, Alemanha e Reino Unido tiveram de emitir declarações oficiais de socorro a bancos e garantias de depósitos bancários. A atitude de distanciamento pueril que os governos europeus vinham adotando há algumas dias, como se a crise fosse uma “crise americana”, foi varrida na marra.
Mas os EUA continuam como epicentro do problema. Se avolumam sinais cada vem mais claros de que uma recessão, nada pequena, está a a caminho. Nunca os bancos e consumidores do país estiveram tão endividados. Como a crise é de crédito, dificilmente será rápida a sua solução.
Várias empresas e redes de lojas já entenderam a gravidade da situação. A palavra “recessão” já está nas vitrines e algumas cadeias fazem liquidações com descontos de até 60%. Prevendo o pior, parecem tentar adiantar algum dinheiro agora para um tempo de vacas mais magras.
No mercado, também caiu a ficha sobre as enormes dificuldades de implantação do pacote de US$ 700 bilhões aprovado pelo Congresso na semana passada.
Desentupir o mercado de crédito, onde mesmo os grandes bancos e empresas estão com enormes dificuldades de financiamento, pode levar semanas, senão meses. O Tesouro ainda mal montou a equipe de gerenciamento disso. O Fed (banco central dos EUA) já entendeu e está ampliando linhas de crédito e seu alcance no mercado. Ontem, falava-se em mais US$ 900 bilhões em liquidez.
Os desdobramentos da crise têm sido cada vez mais surpreendentes, e o quadro é extremamente indeterminado. Mas há também muito pânico e irracionalidade nesses movimentos.
Enfim, é mais uma crise da humanidade, com humanos em ação.
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Na sede do FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington, há um interessante painel sobre as crises do século 20, que começa exatamente na de 1929 –o fosso para termos de comparação com os atuais acontecimentos.
Economia não é uma ciência exata. Mas ela tem ciclos, como a história demonstra. O problema, para quem está vivo, é quando estamos no meio do ciclo de baixa. No caso do Brasil, mais triste ainda é que depois de quase 30 anos parecia que as coisas poderiam dar muito certo. Não deram. Só resta seguir em frente.
Abaixo, alguns dos altos e baixos do século 20:
1929 – Desempregados fazem protesto durante a crise financeira nos Estados Unidos
1950 – Gráficos mostram a recuperação de vários setores e mercados no pós-guerra
1971 – A crise do petróleo volta a colocar a economia global em um cenário de recessão
1991 – A URSS entra em colapso, o mundo se globaliza e os russos comem McDonald’s
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