Not Being George W. Bush Won Obama the Nobel Prize

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A mensagem correu o mundo 5h da madruga aqui. O presidente dos EUA, Barack Obama, recebeu o prêmio Nobel da paz e a notícia, sejamos francos, pegou todo mundo surpresa. Onde já se viu um presidente americano ganhando Nobel da paz? Mark Halperin, da revista Time, disse hoje de manhã que “desde que Marisa Tomei ganhou o Oscar, a surpresa não era tamanha”. Nem tanto, gente, nem tanto.

Os jornais vem falando em política anti-nuclear e anti-armamentista. Tudo bem, mas o que deu mesmo o prêmio a Obama foi ele ter abraçado o multilateralismo e o caminho diplomático sem a arrogância e o unilateralismo que marcaram a era Bush. Ou seja, Obama ganhou o Nobel por não ser George W. Bush.

Suas preocupações – amparadas num poderoso marketing que faz um belíssimo uso das novas mídias, precisamos admitir – se afastam das prioridades do governo anterior (o bloco do “eu me basto”, a aura belicista, a empáfia contra os organismos internacionais, a centralização do poder nos ricos, a defesa da indústria do petróleo, o “caguei” para o aquecimento global, as políticas domésticas de exclusão de gays e imigrantes, etc.etc.etc).

Obama é tudo o que Bush não foi, tentando reforçar soluções negociadas (que são vistas como fraqueza de liderança por muitos por aqui), ajudando a ampliar o palco decisório mundial (a institucionalização do G-20), buscando ampliar a rede de amparo social (a reforma do sistema de saúde), empurrando o Congresso para a adoção de um limite para emissões de gases do efeito estufa, exercendo a humildade (ao comparecer a uma disputa de cidade olímpica em Copenhague, coisa que nenhum outro presidente achou que era seu papel fazer). A política americana adotou um tom pragmático (sobre o qual eu já falei num post anterior) que muitos veem como cínica, mas que muitos outros defendem como um poderoso motor de questões problemáticas ad eternum, como a questão palestina, os regimes ditatoriais, a relação com a América Latina.

A sensatez aumenta as chances de paz em qualquer lugar.

Para o ódio dos conservadores americanos de direita e dos esquerdistas populistas festivos (especialmente Hugo Chavez e seu grupo de palhaços decadentes), o mundo é um mundo melhor com Obama na presidência da maior potência do planeta. Simples assim. Pelo menos, o dirigente da maior economia do mundo tenta agir com sensatez num mundo hoje repleto de histéricos e desequilibrados de um modo geral.

Parabéns, Obama. Mas boa sorte na sua decisão sobre o Afeganistão. Um prêmio Nobel da paz pode mandar mais soldados para o campo de batalha?

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