Avatar: A Self-Analysis that Enchants

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Avatar: uma autocrítica que encanta

É isso mesmo avatares, matem todos esses humanos nojentos e sem coração. Foi assim que saí do cinema. Até que enfim, um filme que demonstra de modo bastante idealista as consequências da opressão por uso de uma força brutal e devastadora, seja sobre os índios ou qualquer outro povo – ou sobre o meio ambiente.

Não me admira que uma parte do cinema americano, formado por intelectuais e naturalistas, apresente algo tão cheio de significados. Afinal, qual é o povo que mais invade e explora outros países em busca de novos recursos naturais? Qual é o país que mata em troca de petróleo, que comete assassinatos políticos e cria desavenças entre os povos? Esse filme é mais do que um cinema-pipoca, é uma autocrítica muito bem constituída da política externa americana.

O cinema americano, sempre que pode, vai de encontro com a política externa de seu país. Interessante é que muito antes da caça a bin Laden, Hollywood já tinha produzido o filme Coração valente, com direção do Mel Gibson. Nele, fizeram reverências a William Wallace, um guerreiro, que no começo do segundo milênio pós-Cristo defendeu os interesses dos seus e, por isso, foi tachado como bárbaro pelo reino inglês (soberano na época). Se existisse nos dias de hoje e morasse no Afeganistão, William Wallace poderia ser tachado de terrorista. Será que algum dia alguém mostrará bin Laden como um “guerreiro” que ousou desafiar o império de sua época?

Logo após a não assinatura do Protocolo de Kyoto, assistimos ao filme O dia depois de amanhã, que denotou de modo objetivo a falta de lisura do governo Bush com as eminentes consequências do aquecimento global (assunto esse que hoje é tratado com maior atenção pelo mundo). Nesse filme, inclusive, o presidente americano morre… Não sei se vocês se lembram disso. E, numa das cenas mais aplaudidas pelo público brasileiro dentro das salas, o governo norte-americano perdoa todas as dívidas com a América Latina para que os americanos possam fugir para outros países, em uma “imigração às avessas”.

Os Estados Unidos não produzem matéria-prima para quase nada e dependem da superfaturação de sua manufatura (obtida graças à compra de matéria-prima barata oriunda de países menos desenvolvidos) para o enriquecimento. É assim com tudo: desde roupas a combustíveis. No mundo das artes, no entanto, é um pouco diferente. O povo americano exporta, através da tecnologia artística e de seu padrão cinematográfico um ideal de vida, uma cultura que hoje é adotada por quase todos os países do mundo ocidental. A boa notícia é que esse segmento da economia americana está deixando de vender a imagem de seus heróis fictícios, superbombados e armados (Rambos e Arnold Schwarzeneggers da vida) para dar lugar a uma humildade sobre-humana, que reverencia os poderes inigualáveis da natureza, da empatia e do amor comunitário.

Demais! Depois de ver um soldado se apaixonar por uma selvagem azul que se identifica com a natureza é que eu entendo por que Stallone não faz mais sucesso e por que Schwarzenegger se exilou na política (interna) de seu país. Bons ventos…

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