Brazil’s Crucial Moment

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Momento crucial para política externa brasileira

O governo brasileiro está na expectativa de que se confirme a carta de Teerã, com o envio pelo Irã, na próxima segunda-feira, à Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) de uma carta sobre o acordo que envolve seu programa nuclear, conforme o entendimento entre Brasil-Turquia e Irã. Se a negociação prosperar, confirma-se o protagonismo do Brasil e a mediação do presidente Lula; se fracassar, ele será apontado como ingênuo em sua missão de negociador.

A notícia de que o Irã irá mesmo enviar a carta à AEIA foi dada nesta tarde pelo chanceler brasileiro, Celso Amorim. Nesta tarde, também, foi divulgada pela agência de notícias Reuters, trechos de carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao presidente Lula, na qual ele estimula o presidente brasileiro a dar início a negociações dom Marmoud Ahmadinejad.

– A carta de Teerã reflete, em larga medida, pontos da carta do presidente Obama ao presidente Lula sobre o entendimento com o Irã – confirmou nesta tarde uma fonte do Palácio do Planalto.

Segundo a mesma fonte, o presidente Lula deu instruções para os funcionários do governo não divulgarem à imprensa os termos da carta de Obama para que isso não sirva de pressão sobre o presidente dos Estados Unidos. Há, também, o cuidado porque em outra ocasião, outra carta de Obama acabou vazando pelo governo brasileiro – relativo à crise de Honduras – o que provocou queixas da Casa Branca.

A principal argumentação do Brasil nas negociações com o Irã foi a de que o fracasso desse entendimento iria alimentar a oposição ao governo de Ahmadinejad. Tanto a oposição dos mais radicais dentro do regime dos aiatolás, mas também a oposição ao governo de Ahmadinejad. E que esta era a oportunidade de o Irã se reintegrar ao sistema internacional.

– Existem vários Irãs dentro do Irã – disse a fonte do governo brasileiro, observando o que é conhecido: que Ahmadinejad não é a principal liderança do país; e sim, Ali Khomenei – mas, este, sem o voto popular.

O fracasso dessas negociações mediadas por Lula iriam alimentar o discurso interno de oposição ao governo iraniano de que não adianta iniciar negociações com o ocidente.

A esta altura, o governo brasileir0 acredita que as sanções da ONU ao Irã já estão bem mais brandas do que se imaginava anteriormente. Até porque, disse a fonte, a China importa 20% do petróleo iraniano e a Rússias exporta armas para lá. Estes dois países que têm assento no Conselho de Segurança na ONU é que estariam pressionando para amenizar as sanções.

O Brasil, conta, ainda, com a ajuda discreta da China e da Rússiva que, segundo fontes do governo brasileiro, estariam ajudando a amenizar eventuais sanções ao governo iraniano. É do Irã 20% do total de petróleo que a China importa; a Rússia já é forte exportadora de armas para o Irã. E se houver embargo econômico ao Irã, determinado por sanção da ONU, os dois países seriam afetados.

Mas o que valeu mesmo para convencer o Irã a negociar a Declaração de Teerã, segundo fontes do governo brasileiro, foi o discurso do Brasil de que esta era uma “chance de ouro” para o paísou ele estaria “sem saída” diante das ameaça de sanção pelas Nações Unidas.

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