Come Back, Obama

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Se as sanções ao Irã fossem eficientes, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) não precisaria aplicar a quarta rodada de reprimendas ao país asiático. Soa como confissão de fracasso da ONU.

As novas sanções funcionam como satisfação dos Estados Unidos ao seu público interno. Mais uma vez, Barack Obama cede aos seus conservadores. No contexto internacional, a decisão capitaneada pelos EUA é mais um passo de uma velha política de Washington que não dá resultado.

Dos 15 integrantes do Conselho de Segurança da ONU, 12 votaram pelas sanções: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Áustria, Japão, Nigéria, Bósnia, Uganda, México e Gabão. Houve uma abstenção, a do Líbano. Brasil e Turquia se opuseram.

No placar, o Brasil perdeu. Politicamente, ganhou.

O episódio escancara a necessidade de reforma da ONU. Na semana em que ela viu Israel recusar o pedido de investigação internacional do ataque desproporcional a um navio com ajuda humanitária para Gaza, seu Conselho de Segurança aprovou sanções que deverão fortalecer Mahmoud Ahmadinejad e o regime dos aiatolás. O orgulho e a cegueira americanas são irmãs do fundamentalismo e do desrespeito aos direitos humanos no Irã.

Ahmadinejad ganhou discurso para se vitimizar na opinião pública internacional e para obter alguma coesão interna em torno de suas intenções nucleares. Obama talvez tenha ganho mais um refresco dos seus conservadores. O Brasil tentou articular um caminho diferente. Algo ingênuo? Talvez. Mas tentou.

Se falhar a quarta rodada de sanções, como parece que falhará, virão a quinta e a sexta? Ou os EUA vão arrumar uma terceira guerra simultânea? Tudo indica que não.

Tomara que Obama esteja comprando tempo e argumento para obter um segundo mandato. Quem sabe um dia ele volta.

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