A Dark Story Looking for a Happy Ending

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Uma história negra à procura de final feliz

2010-06-23

Tinha sido o maior desastre ambiental da história. Catástrofe como a do Exxon Valdez, em 1989, no Alasca, era difícil acreditar que pudesse acontecer. Aconteceu. A explosão de uma plataforma da BP ao largo do golfo do México superou os maiores pesadelos. E se, inicialmente, se minimizaram os danos, foi apenas porque os factos chegavam truncados – algo, aliás, pouco inédito.

Pode parecer absurdo dizer isto, mas o desastre poderá trazer dividendos importantes para o futuro do planeta. Se a lição for bem aprendida – embora não seja certo que o venha a ser – como a história está cansada de nos mostrar.

O desastre trouxe à luz do dia aquilo que muitos suspeitavam: a promiscuidade entre a administração Bush e a indústria petrolífera.

Foi o próprio Barack Obama a denunciar a relação “estreita” entre a British Petroleum e a entidade norte-americana com a missão de fiscalizar a sua actividade. É também de todos conhecida a renitência de Bush em tomar medidas para contribuir para a diminuição de gases com efeito de estufa, o que só dificilmente seria alcançado sem um reposicionamento da importância do petróleo na economia norte-americana.

As circunstâncias estão aí para exigir uma nova atitude. E desta vez os Estados Unidos, e os seus paraísos sempre soalheiros, foram largamente afectados. Quando todos acreditávamos que a tragédia ambiental do Exxon Valdez (derramou mais de 40 milhões de litros de petróleo), não seria ultrapassada, eis que no golfo do México, do poço da BP, foram já derramados 147 milhões. E nada garante que a catástrofe esteja à beira de ser estancada. Pelo contrário. O crude, tudo indica, continuará a fluir pelo menos até Agosto.

A administração mudou, Bush deixou o poder. Os sinais dados por Barack Obama indicam que a tragédia ecológica pode ser uma oportunidade para se repensar a política energética norte-americana. O resto do Mundo agradece, apesar de tudo o que se perdeu e não será possível recuperar.

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