New York Serves as Example of Tolerance

Edited  by Sam Carter

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New York dá exemplo de tolerância

Logo depois do 11 de setembro de 2001, com aquela montanha de escombros ainda fumegantes onde antes estavam as duas torres imponentes do World Trade Center, imaginar que em algum dia seria permitida a construção de uma mesquita a poucos metros do local seria um delírio. Nove anos depois, o prefeito da cidade, Michael Bloomberg, numa solenidade com a Estátua da Liberdade sugestivamente ao fundo, anunciaria a aprovação da construção de um centro comunitário muçulmano naquela área, e no qual haverá uma mesquita. Pode-se pinçar passagens deploráveis na História americana, como o racismo militante e violento. Mas é indiscutível que o regime de democracia representativa, com sua característica primordial de garantir direitos individuais, instaurado naquele país pelos “pais fundadores” no século XVIII, é um dos sistemas políticos mais avançados já elaborados na modernidade. Até seria compreensível se a prefeitura de Nova York negasse o pleito da comunidade muçulmana, diante das pressões. Mas se curvaria à visão míope que confunde os grupos terroristas islâmicos com a religião muçulmana.

Bem registrou, ontem, o “New York Times”, em editorial de apoio à decisão anunciada por Bloomberg, que os ataques daquele 11 de setembro – o outro alvejou o prédio do Pentágono, em Washington – não foram atos religiosos, mas de “assassinato em massa”. E repudiados por muitos muçulmanos.

Mais: se o poder público rejeitasse o pedido, iria contra a Lei. No discurso do anúncio da aprovação do projeto, Bloomberg ressaltou que o governo não tem qualquer direito de impedir alguém de usar sua propriedade para fins religiosos. Não importa quais sejam eles. Já o “New York Times” desafiou que se encontre na Constituição americana algum dispositivo que dê base legal à proibição da construção de uma mesquita, igreja, sinagoga ou qualquer outro tipo de templo.

Os Estados Unidos, e o poder público municipal novaiorquino em particular, dão grande lição de tolerância ao mundo. Sem excluir, é claro, a América Latina, onde movimentos políticos autoritários e grupos religiosos excludentes têm conquistado espaço.

A intolerância religiosa no Brasil já obrigou a criação de grupos para lutar pela convivência civilizada entre seguidores de todos os credos. Na política, o símbolo histórico latino-americano da intolerância com o pensamento divergente é Cuba. Mas, na última década, fortaleceram-se partidos e movimentos no continente de ideologia ditatorial, mas que se apresentam com enganosos discursos em defesa da “democracia participativa” ou “direta” e da “justiça social”.

A região abriga o ninho de algumas dessas serpentes, defensoras de modelos supostamente igualitários, mas cujo resultado tem sido violência, garroteamento das liberdades e ruína (inflação, desabastecimento, desemprego). À ilha dos irmãos Castro, juntam-se as experiências do chavismo dentro e fora da Venezuela, com influência até na Argentina, representantes do PT brasileiro, tendo inclusive cooptado organizações como o MST.

O exemplo de tolerância e democracia dado por Nova York deve servir de parâmetro para a atual América Latina. Até porque haverá desdobramentos em mais esta tentativa na História do continente do estabelecimento de regimes populistas e autoritários.

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