From Jerusalem to Baghdad, Obama Still Has Not Resolved Anything in the Middle East

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De Beirute a Cabul ou de Bagdá a Jerusalém, não faltarão temas complexos no Oriente Médio e na Ásia Central para Barack Obama se aprofundar nesta segunda metade de seu mandato, quando as análises apontam para um presidente mais focado em questões internacionais do que domésticas.

O líder americano enfrenta atualmente duas guerras herdadas do governo anterior, no Afeganistão e no Iraque. Vê a deterioração política do Líbano (leia nesta página) e do Iêmen. Tenta não fracassar como seus antecessores no caótico processo de paz entre israelenses e palestinos. E ainda busca uma aproximação com os regimes de Damasco e de Teerã, ao mesmo tempo que tenta impedir os sírios de apoiarem grupos hostis aos EUA e os iranianos de desenvolverem armas nucleares.

Quando assumiu, Obama prometeu cumprir a promessa de campanha e encerrar a Guerra do Iraque. As operações de combate foram encerradas em agosto e até o fim de 2011 a quase totalidade dos 50 mil militares ainda baseados no território iraquiano deve ser retirar. Poderia parecer um sucesso, não fossem os atentados terroristas terem voltado a atingir Bagdá, com a semana passada sendo a mais violenta em toda o ano.

Além disso, o impasse político se prolonga desde março e a provável futura coalizão de governo iraquiana deve ser mais próxima de Irã do que dos EUA, disse ao Estado o analista Wayne White, ex-diretor de Oriente Médio da CIA. Sua avaliação coincide com a dos documentos oficiais dos americanos divulgados pelo Wikileaks. “A política iraquiana cada vez mais se distancia dos EUA. Poucas decisões tomadas são consistentes com os conselhos de Washington para os líderes iraquianos”, afirmou.

No Afeganistão, Obama terá que lidar com oposição dos dois lados do Congresso americano. De acordo com análise do Council on Foreign Relations, de Nova York, “os democratas questionam a decisão de enviar mais tropas em 2009, enquanto os republicanos, apesar de apoiarem a guerra, criticam o estabelecimento de uma data, em julho de 2011, para iniciar a retirada das tropas”. E ambos criticam a ajuda financeira a Cabul, onde impera a corrupção. Para complicar, o presidente Hamid Karzai também se aproximou de Teerã nos últimos meses, admitindo até que recebe mesada do governo de Mahmoud Ahmadinejad.

O processo de paz entre israelenses e palestinos está paralisado desde o fim de setembro. Os EUA pediram a Israel que congelasse a construção de novas unidades em assentamentos por mais dois meses. A administração do premiê Binyamin Netanyahu se recusou devido à pressão de membros de sua coalizão que são ligados aos colonos. Os palestinos afirmam que apenas voltarão a negociar se a moratória for prorrogada. E o premiê Salam Fayyad, próximo de Washington, admite levar a questão da criação de um Estado palestino para as Nações Unidas, colocando Obama em uma situação delicada.

Ao assumir o poder, o presidente também havia prometido tentar uma aproximação dos inimigos. O Irã concordou em voltar a discutir a questão nuclear, mas os dois lados ainda estão distantes de um acordo. Com Damasco, a relação é dúbia. Segundo Joshua Landis, especialista em Síria da Universidade de Oklahoma, “existe muita desconfiança” tanto dos americanos, como dos sírios. Na semana passada, o regime de Bashar Al Assad acusou Washington de desestabilizar a região. Em resposta, o Departamento de Estado fez a acusação inversa.

Não bastassem estes problemas, Obama ainda precisa lidar com o crescimento da Al Qaeda no Iêmen, que afeta diretamente a segurança americana. Por enquanto, a estratégia dos EUA consiste em treinar e armar as forças de segurança do regime de Ali Abdullah Saleh. Mas não se sabe se estes esforços serão suficientes, especialmente levando-se em conta que o Estado iemenita é o mais pobre e fraco de toda a região.

Líbano

O tribunal especial das Nações Unidas para o Líbano deve acusar formalmente integrantes do Hezbollah nos próximos meses pelo assassinado do então ex-premiê libanês Rafik Hariri, pai do atual primeiro-ministro libanês, Saad Hariri. Antecipando-se ao anúncio, o xeque Hassan Nasrallah, líder da organização xiita, exige que o governo em Beirute repudie a acusação da ONU que, segundo ele, serve aos interesses dos EUA e de Israel.

Hariri está em uma situação complicada. Maior defensor do tribunal desde a sua instalação e filho da vítima, o premiê também é aliado dos americanos, apesar de manter distância de Israel. Porém ele sabe que não pode bater de frente com o Hezbollah, apoiado pelo Irã e aliado de algumas facções cristãs – as restantes estão com o primeiro-ministro. Caso determinasse a prisão de membros do grupo, poderia provocar uma nova guerra civil.

Nas últimas semanas, Hariri e seus aliados reclamaram que não vêm recebendo apoio suficiente dos americanos. Tentando mostrar que não abandonou o Líbano, a secretária de Estado, Hillary Clinton, telefonou para o premiê e disse que ele pode contar com o apoio americano. Mas, em Beirute, muitos questionam se este suporte seria suficiente para conter o Hezbollah.

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