Relação Brasil-EUA – uma visão do Congresso americano
O ‘Congressional Research Service’ (CRS) prepara relatórios para os deputados e senadores americanos se inteirarem sobre determinados assuntos. O relatório do CRS sobre as relações entre Brasil e Estados Unidos, divulgado no dia 9 de fevereiro, oferece um mapa interessante sobre o estado atual das relações – inclusive pela prioridade que dá a algumas questões, como narcotráfico, e a forma como define alguns assuntos.
A estratégia de segurança nacional do governo Obama considera o Brasil um ’emergente centro de influência, cuja liderança é bem-vinda para buscar progresso em questões bilaterais, hemisféricas e globais’. Essa frase é chave para a diplomacia brasileira, que não quer o Brasil visto apenas como liderança regional.
Entre as ‘questões selecionadas na relação EUA-Brasil, a primeira a ser citada no relatório, sintomaticamente, é o combate ao narcotráfico. Vários presidentes americanos vêm falando que querem mudar a agenda para a América Latina, tradicionalmente focada em tráfico de drogas, comércio e imigração, tida como ‘negativa’.
Bom, tráfico de drogas, como se vê, continua no topo. Comércio, depois de enterrada a ALCA, parecia ter se tornado secundário. Mas os EUA continuam como um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, apesar de terem sido ultrapassados na liderança pela China. E hoje, vivemos uma situação bastante diferente – o Brasil mantém com os EUA seu maior deficit comercial, enquanto os EUA mantêm com o Brasil seu maior superavit. Esse é um dos assuntos que estará na pauta da visita de Obama ao país, nos dias 19 e 20. Quer dizer, desde uma paralisação do governo americano, que está ‘rodando’ por medidas provisórias de orçamento, não adie a viagem do presidente americano).
Um novo item aparece com força na agenda bilateral – pré-sal. O Brasil já é visto como estratégico por causa da produção de etanol. Agora, com as descobertas do pré-sal, ‘há potencial de o Brasil se transformar em um líder na produção de petróleo e gás e uma importante fonte de energia para os EUA’, diz o CRS.
As relações entre EUA e Brasil ‘geralmente podem ser caracterizadas como amigáveis apesar de várias divergências nos últimos anos’, descreve o autor do relatório, Peter J Meyer.
Disputas antigas mencionadas pelo CRS incluem a oposição do Brasil à tarifa dos EUA sobre o etanol brasileiro e as negociações empacadas da Rodada Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio). E mais divergências surgiram nos últimos dois anos: O Brasil ‘criticou os EUA por não colocarem mais pressão sobre Honduras para reverter a situação (do golpe de junho de 2009) e aceitar imediatamente o resultado das eleições de novembro’ e os dois países ‘entraram em choque por causa da política para o Irã’.
Por fim, o Brasil, ‘como um país de renda média, não recebe grandes volumes de ajuda externa dos EUA’. O Brasil recebeu US$ 25,1 milhões em 2010 em ajuda externa dos EUA. Só para comparar, o estratégico Egito recebe US$ 1,5 bilhão por ano dos americanos.
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