Bin Laden Is Dead; the Terrorist Threat Is Not

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Posted on May 10, 2011.

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George W. Bush, no seu estilo de cowboy, prometeu que a América capturaria Ussama ben Laden “morto ou vivo”. Foi o seu sucessor na Casa Branca, Barack Obama, quem agora o conseguiu. Mais clássico, o Presidente informou: “Os Estados Unidos realizaram uma operação que matou Ussama Ben Laden, o dirigente da Al-Qaeda, um terrorista responsável pela morte de milhares de inocentes.” Na América fez-se festa. O 11 de Setembro estava vingado.

Passados quase dez anos sobre os atentados contra as Torres Gémeas, o líder da Al-Qaeda foi localizado e abatido. Para trás ficaram milhares de informações analisadas, centenas de pistas falsas. Apesar dos 25 milhões de dólares oferecidos pela sua captura, Ben Laden insistia em escapar à superpotência ferida, refugiando-se naquilo que os geopolitólogos chamam Af-Pak, tanto a ameaça islamita no Afeganistão e no Paquistão se confundem hoje. E a sua fuga durante uma década humilhava a América. Bush saiu da Casa Branca em parte desacreditado por não conseguir capturar o ideólogo do 11 de Setembro, Obama herdou a missão sem ter garantias de que seria bem-sucedido e ainda por cima tendo de assistir aos avanços dos talibãs, velhos aliados de Ben Laden, também no Paquistão, uma potência nuclear errática.

Ben Laden tinha já os americanos como alvo muito antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001. A sua mão esteve por trás dos ataques às embaixadas no Quénia e na Tanzânia em 1998 e também na tentativa de afundamento do navio USS Cole ao largo do Iémen em 2000. Mas a CIA cometeu vários erros de avaliação da ameaça da Al-Qaeda, palavra árabe que significa “a Base”, e a maioria dos americanos só deu importância ao saudita quando dois aviões embateram nas Torres Gémeas, outro atingiu o Pentágono e um quarto se despenhou num descampado na Pensilvânia, falhando o seu alvo, talvez a Casa Branca. Morreram quase três mil pessoas, e o mundo, assustado, preparou-se para uma longa batalha contra o terrorismo de inspiração islâmica, com acções militares (invasão do Afeganistão), operações policiais (células terroristas descobertas em países da Europa) e medidas de segurança rígidas no transporte aéreo.

Ben Laden está morto, mas o terror de inspiração islâmica não morreu. O saudita, filho de um milionário da construção, era sobretudo um inspirador de muitos grupos de fanáticos, convencidos de que o Ocidente e os seus aliados encarnam o mal e que o mundo seria melhor se voltássemos a viver sob um califado, como nos primeiros tempos do islão, no século VII. Esses imitadores de Ben Laden mataram em Madrid, em Londres, em Bali. E tudo farão para continuar a matar. Nenhum país está a salvo, trata-se de uma ameaça global. Morreram quatro portugueses no 11 de Setembro, outro nas bombas de Bali em 2002, mais um a semana passada no atentado de Marraquexe. E o egípcio Ayman Al-Zawahiri, provável sucessor de Ben Laden, muitas vezes falou de recuperar o Al- -Andaluz, a metade sul da Península Ibérica.

O mundo islâmico está pejado de ditaduras. O fosso social é imenso. E as pessoas sentem que um passado glorioso não lhe garante respeito hoje pelo resto do planeta. Ben Laden, que chegou a ser patrocinado pelos americanos para lutar contra os soviéticos no Afeganistão, conseguiu convencer muitos seguidores de que a sua utopia do neocalifado era a solução. Mas as recentes revoltas no mundo árabe, sobretudo na Tunísia e no Egipto, mostraram que havia caminhos alternativos. Que os 1,5 mil milhões de muçulmanos do mundo, se puderem optar, preferirão sempre viver em paz, em liberdade e em prosperidade a seguir um falso profeta que promete muito mas se limita a oferecer um paraíso cheio de virgens para aqueles que aceitarem morrer pela sua causa, como os 19 terroristas suicidas do 11 de Setembro.

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