Obama versus Osama
Na opinião de Arnold Toynbee, um dos problemas da historiografia é que conhecemos apenas 10% dos acontecimentos da História. É como se fosse um imenso iceberg, 90% estão mergulhados no desconhecido. Outro problema é que a História é contada pelos vencedores. Talvez seja por isso que não consigo entender o que aconteceu realmente nos aposentos de Osama Bin Laden naquela noite em que foi assassinado. Descubro apenas a imensidão do ódio que queimava as entranhas de um e outro. Diante de meus olhos, duas imagens: as duas torres em chamas em New York e, muitos anos depois, o grande cartaz levantado pelo povo na mesma praça: Osama, rot in hell (“Osama, vá apodrecer no inferno”.)
O assassinato do terrorista me deixou muitas dúvidas. Não tenho espaço para citar todas. Muito mistério. Silêncios suspeitos. Declarações contraditórias. Não fiquei sabendo com certeza como morreu Bin Laden. A primeira notícia foi que lhe deram um tiro na cabeça. Vinte invasores naqueles aposentos só dispararam um tiro? Você, que viu as imagens, deve ter percebido um excesso de mantas, travesseiros e roupas em cima da cama sem o cadáver. O que estavam ocultando? Sangue, muito sangue devia estar ensopando a cama e se espalhando pelo piso em diversas poças. Tudo isso só com um tirinho na cabeça? Crer seria ingenuidade. O ódio insopitável do americano não ficaria num tiro só. Aquele era um momento de vingança. Muitos tiros foram disparados. Centenas. Fizeram daquele corpo uma pasta deformada. Ódio saciado. Torres vingadas. Por isso não houve como tirar fotos do corpo. O que fazer, então? Enrolaram tudo aquilo em plásticos e, às pressas, jogaram aquele corpo no mar, numa tentativa de ocultar a animalidade daquela vingança.
Outra notícia. Ao chegar ao navio que os esperava, fizeram um exame do DNA de Bin Laden, conferiram com o DNA de uma prima que conseguiram não disseram como. E, então, concluíram que era o mesmo. Já tinham no navio tudo preparado, um pequeno laboratório. Mas, que “estória” é esta? Matam e vão conferir depois se era mesmo o Bin Laden? Mataram na dúvida?
Tudo isso revela a força do poder. Lord Aton tinha razão: “Todo poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Lembro-me então de uma afirmação de Mussolini, ditador na Itália na década de 30: “Il Duce a sempre raggione” (“O Chefe tem sempre razão”). É a alma do poder, seja político ou religioso. Todos nós, de uma maneira ou de outra, somos ou já fomos vítimas daqueles que detêm o poder. E para vivermos em paz é melhor ficarmos quietos no nosso lugar. Já ouvi um pregador afirmar que a obediência é uma das mais belas virtudes. Ajuda muito.
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