Attention! Barack Hussein Obama Is Pro-Israel

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Posted on May 30, 2011.

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Não demorou muito. Um punhado de dias após a execução no Paquistão de Osama Bin Laden por forças especiais americanas (um trunfo para o seu governo), alguns voltaram a insistir no nome do meio do presidente americano. Ele é um “hussein”, no fundo não é lá muito pró-americano, é antiIsrael e muito mais preocupado em paparicar o mundo árabe-islâmico. Mas Barack Obama continua sendo Barack Obama, um político-orador encantado com suas próprias palavras.

Na semana passada, ele fez um discurso sobre o Oriente Médio. que acabou criando comoção, embora não tenha dito nada de muito original. É verdade que Obama foi explícito ao dizer que um acordo de paz entre Israel e os palestinos será baseado nas linhas fronteiriças anteriores à guerra de 1967. Mas é evidente que será assim. De que outra forma será possível estabelecer um estado palestino? Este estado, porém, depende de muito mais e o muito mais ficou vago do discurso de Obama.

São fatores como os palestinos aceitarem que não haverá volta dos refugiados a Israel e Israel aceitar que haverá uma divisão de Jerusalém. Além destes pontos, existe o processo em si. Não há clima para negociar. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu não tem convicção sobre negociações genuínas e entre os procrastinadores palestinos está o Hamas, agora unido ao Fatah. Como você pode ser interolocutor (Hamas) quando você nem reconhece a existência do outro lado e quer sua destruição em última instância, aceitando no máximo uma trégua?

Logo, o discurso de Obama foi mais uma obra do seu voluntarismo retórico. Ele está impaciente com a falta de progressos diplomáticos. Claro que é desolador. Mas, no caso dele, é uma impaciência narcisista. Seu “timing” para o discurso foi péssimo. Deu mais um pretexto para Netanyahu mostrar sua instransigência (e passar sermão em Obama em pleno Salão Oval na Casa Branca), além de não ter comovido o mundo árabe. E o narcisimo é perigoso. Justo inserir a autodeterminação palestina na narrativa da primavera árabe, mas o tempo está fechando e lá estão as nuvens no Oriente Médio convergindo sobre Israel. Está tudo invernoso no mundo árabe, por que não se distrair com aqueles judeus intrusos, o saco de pancadas habitual?

Para uns, Obama concede em excesso. Para outros, ele é muito módico. Ele ameaça perder amigos, sem amaciar os inimigos. No domingo, Obama fez discurso em Washington para o Aipac, o principal lobby pró-Israel nos EUA, Precisou esclarecer o explícito. Não haverá um retorno rígido às linhas fronteiriças pré-guerra de 1967. Haverá uma troca mútua de terras, ou seja, blocos de assentamentos judaicos na Cisjordânia serão parte de Israel e os palestinos receberão terras israelenses. Obviamente que Obama foi aplaudido no discurso (houve algumas vaias). Primeiro, porque seria insanidade o lobby judaico esnobar o presidente americano e qualquer presidente americano, mesmo o “hussein”, é solidamente pró-Israel.

Vamos ser diretos: investir contra Obama é danoso para as relações EUA-Israel e apenas favorece os inimigos dos dois países. Obama quis ganhar alguns pontinhos com o mundo árabe dando estocadas em Israel (e no alarido ficaram abafadas suas críticas incisivas e advertências aos palestinos, como lembrar que é um simbolismo perigoso uma declaração unilateral de independência).

É mais fácil para Obama criticar Israel do que seu outro grande aliado no Oriente Médio, a Arábia Saudita. Simplesmente, não houve menção aos sauditas no discurso de platitudes sobre a primavera árabe na quinta-feira passada. Sim, a Arábia Saudita, aquela ditadura da pesada, produtora de petróleo. Cobrança é para alguns amigos. Mas por que a surpresa? Ele é Barack Obama, ou Barack Hussein Obama. O nome é irrelevante. Relevante, para causar danos, é o seu voluntarismo oratório. Para limpar o estrago, nada como um pouco de talento oratório. Isto é Obama.

Falando em voluntarismo, alguns voluntários republicanos não estão se apresentando para a maratona das primárias presidenciais. Apesar dos apelos, no domingo foi a vez de Mitch Daniels, governador do estado de Indiana, anunciar que está fora da corrida. Há muita ansiedade por um governador (ou ex com boa reputação gerencial), focado na questão fiscal e consciente que guerras sociais (aborto, casamento gay, etc.) são um mau negócio para os republicanos.

A recusa de Daniels é má notícia para os republicanos. Ele poderia ter problemas para vencer as primárias, mas seria um nome forte contra Obama nas eleições gerais. O jogo está rápido. O drama republicano é este: precisa-se de um nome com sólidas credenciais conservadoras, mas capaz de atrair o eleitorado moderado e independente. O ardor do Tea Party é ótimo para esquentar o jogo, mas queima o partido nas eleições gerais. E de qualquer forma, o crescimento desta turma já bateu no teto.

A saída de Daniels talvez abra espaço para outros candidatos capazes de terem appeal entre os moderados, como o ex-governador de Utah, Jon Huntsman. Ele tem mais carisma (e dinheiro) do que Daniels, mas é visto como muito moderado (além de ser mórmon, o que incomoda a base evangélica). Huntsman, assim como Mitt Romney, o outro mórmon moderado e milionário, suaria para sobreviver às primárias, mas faria Obama suar muito. No domingo, foi a vez de um nome sem appeal, Tim Pawlenty, ex-governador de Minnesota, oficializar sua entrada em cena.

Um sinal de inquietação do establishment republicano com as perspectivas é a renovação dos apelos para que alguém como Jeb Bush, ex-governador da Flórida e integrante daquela dinastia, considere participar já da maratona. Algumas indicações eram de que Jeb Bush calculara que faz mais sentido não queimar cartucho agora e se preservar para 2016. Vamos ver: por enquanto, sérios candidatos contra o presidente democrata se chamam Mr. Barack Hussein Obama e Ms. Bad Economy.

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