Friendly Fire to Wake Up Obama

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Fogo amigo para acordar Obama

WASHINGTON

Sua popularidade está em queda, os dados econômicos ruins e a oposição está em festa com a fartura de munição para atacá-lo (verdade que parte dela devia estar voltada para o próprio Partido Republicano).

Pois agora o presidente dos EUA, Barack Obama, tem de lidar com um problema extra: críticas crescentes dentro do partido e entre os comentaristas políticos de esquerda e de centro (Karl Rove e quetais só estão fazendo o esperado).

Na semana passada, foi Maureen Dowd, do “New York Times”, que detonou o presidente com uma  intitulada “withholder-in-chief” (numa tradução livre, nesse caso, “arregão-em-chefe”). Dowd, implacável com o antecessor no cargo, George W. Bush, escreveu o seguinte sobre o presidente _e essa é uma das partes mais suaves:

“A crença de Obama de que ele pode pairar acima de qualquer motivação torpe o levou a desperdiçar um enorme pedaço de seu primeiro mandato tentando se conciliar com os republicanos, que o fizeram de bobo. E isso fez com que os americanos olhassem para a capital federal como um lugar onde só há vilões e nenhum mocinho”.

Antes, seu colega Paul Krugman, um Nobel de economia que escreve no mesmo jornal, já havia feito crítica semelhante: Obama cedeu demais, abdicou do que defendia, não conseguiu se conciliar com a oposição e, pior, não chegou à solução nenhuma para o problema da dívida americana. Aliás, pior ainda: deixou de lado por tempo demais a questão do desemprego, que é o problema real da economia americana hoje.

A confiança dos americanos na economia está no chão _o que baixa a demanda e trava boa parte do processo produtivo. Quer uma recessão duradoura? Pois comece com uma base persistente de desemprego, e de quebra jogue o moral e as expectativas da população lá para baixo.

Na última sexta, foi a vez de David Gergen, provavelmente o analista mais sensato da TV americana, mandar seu recado com um receituário de brinde: parar de se vitimizar, cercar-se de assessores competentes, focar no problema do desemprego e, pelamordedeus, PARAR de fazer campanha para a reeleição.

Sim, o presidente está largando tudo, no meio da crise, para fazer campanha. Ir viajar para regiões tão economicamente sensíveis quanto eleitoralmente sensíveis (nesta semana estará ele de novo na estrada – e depois sai de férias).

Ok, pode ser um mundo injusto no qual a oposição tem 3.678 candidatos para malhá-lo 24 horas por dia. Mas no fim das contas, ele está na linha de tiro. Faz parte do trabalho. O que não está entre as atribuições do presidente é “fazer campanha”.

Verdade: essa crise não foi criada por Obama. Foi iniciada por Bush, que gastou os tubos com duas guerras (pelo menos uma delas inútil) e, em vez de aumentar a arrecadação como sempre foi feito em tempos de conflito, ainda cortou impostos, criando um deficit orçamentário estilo Bolha Assassina. Engordou a dívida pública a proporções que se tornaram insustentáveis com a crise econômica de 2008 e as injeções de dinheiro para reavivar a economia, dadas por Obama sem muita alternativa.

E aí o Partido Republicano ainda se recusa a negociar um pacote fiscal até o último segundo, fazendo o país de refém a ponto de a agência de classificação de riscos Standard&Poor’s rebaixar a nota dos EUA pela primeira vez na história porque julgou seus políticos ineptos para resolver um problema (não foi a dívida, foi a política, e o comunicado está aqui).

Mas quem senta na cadeira é Obama. E mesmo que hoje o público se diga mais revoltado com o papelão republicano do que com o presidente, “The buck stops here”. A responsabilidade final é do sujeito no Salão Oval.

Menos mau que o presidente tenha resolvido falar grosso nesta semana, mas ainda falta fazer. Não é preciso ser analista político nem ter mais que três neurônios para concordar com o que disse Mitt Romney, hoje o principal pré-candidato da oposição:

“Não há nada que Obama possa fazer para evitar que a eleição do ano que vem seja um plebiscito sobre sua performance na economia”.

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