Obama's Plan Is Good, but …

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O plano de Obama é bom, mas…

Paulo Moreira Leite

9/9/2011

Época

Ainda é cedo para julgamentos definitivos sobre o discurso em que Barack Obama anunciou um plano de US$ 470 bilhões para diminuir o desemprego americano, que hoje se encontra num patamar recorde de 9%.

A proposta é gastar US$ 200 bi em investimentos em obras de infraestrutura e oferecer US$ 270 bi em subsídios que consistem, basicamente, em impostos que o governo deixará de recolher junto a empresas que elevarem números de funcionários sob determinadas condições.

Embora seja um volume um pouco maior do que a metade daquele pacote financeiro aprovado no final de 2008 para o resgate de instituições quebradas no colapso do Lehman Brothers, trata-se de um bom dinheiro. Também se trata de uma operação de natureza diferente. Num caso, tentava-se impedir o avanço da crise sobre outros bancos, o que poderia produzir uma crise ainda mais grave. Agora, tenta-se levantar uma economia derrubada.

Vai funcionar?

O plano recebeu elogios até do Premio Nobel Paul Krugman, um dos mais duros e coerentes críticos da politica economica de Obama. Em sua coluna de hoje, ele se confessa “favoravelmente surpreso” com um plano “significativamente amplo e melhor do que eu esperava. Não é amplo como o plano que eu gostaria num mundo ideal. Mas se tornar-se lei, provavelmente faria um avanço importante contra o desemprego.”

Grandes empresários tem falado no mesmo tom. Muitos dos aliados históricos de Obama no partido democrata, e também no movimento social americano, não escondem seu desapontamento com a atuação passada do presidente. Em geral, pergunta-se: por que demorou tanto para agir? Por que acreditar de novo?

Sabe-se hoje que Obama chegou a Casa Branca sem a menor clareza sobre os caminhos reais para enfrentar a pior crise do regime capitalista em 80 anos. Passou a maior parte de seu mandato desperdiçando o apoio popular em nome de um possível acordo de paz com seus adversários. Imaginava que poderia vencer a crise a partir de capitulações sucessivas, sem confrontar interesses poderosos que jogaram o país no fundo do poço. Cultivou os inimigos da véspera com medidas agradáveis do ponto de vista político mas ruinosas como recuperação economica, abandonado no meio da estrada aqueles que colocaram sua campanha de pé.

Canibalizado pelos adversários, Obama perdeu maioria na Camara de Deputados e tenta agora salvar suas chances de conseguir um segundo mandato no ano que vem.

Os problemas reais de seu plano são dois. Um é o tempo perdido, que produziu a perda de credibilidade em instituições que neste momento poderiam exibir mais musculatura, como o Federal Reserve, o Banco Central dos EUA. Chantageado publicamente por candidatos republicanos que podem retornar a Casa Branca em 2012, e que fizeram discursos em tom de ameaça contra iniciativas favoráveis ao emprego, o presidente do FED, Ben Barnanke, decidiu encolher-se em seu canto e repudiar até mesmo idéias que havia produzido em textos acadêmicos. Irá sair da letargia agora?

Ou, numa demonstração perversa da chamada autonomia dos bancos centrais, ficará encolhido diante de 14 milhões de desempregados na esperança de proteger um único emprego, o seu?

O outro problema é o renascimento conservador do Tea Party, a ultra-direita que passou a ter um papel decisivo na manipulação das votações do Partido Republicano e da Câmara de Representantes. Nem Obama nem ninguém deve esperar gestos de grandeza desse lado. O interesse, ali, é colocá-lo de joelhos para abrir caminho para facilitar uma vitória nas eleições do ano que vem. Isso passa por impor novos sacrifícios e novos sofrimentos à população.

Como observou Martin Wolf na coluna que comentei ontem, aqui mesmo, a política americana também está colocada entre duas opções. A tola, que acredita que será possível crescer sem novos estimulos e a imoral, que acredita que o sacríficio (dos outros) é bom.

O plano de Obama representa um esforço para romper esse impasse de derrotados.

Resta saber se, depois de ter feito tudo para apagar aquela promessa de mudança da campanha de 2008, o presidente americano será capaz de mobilizar o país para aprovar a maior parte de seu plano contra o desemprego.

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