Obama's Proposal Is New Electoral Challenge

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Não está nada fácil a vida do presidente Barack Obama. O jornal espanhol “El País” lembrou que nenhum presidente americano se elegeu com o desemprego acima de 6% (está em 9%), à exceção de Reagan no primeiro mandato, mas a conjuntura era outra. E faltam 14 meses para Obama tentar a reeleição.

Emparedado pelos republicanos devido à gritaria do Tea Party, Obama apresentou um programa consistente para estimular a economia e criar empregos. E chamou o Congresso à responsabilidade, repetindo o mote “aprovem esse projeto, agora!”. Em seguida, iniciou um giro pelo país para vender as medidas aos americanos. O plano de redução de encargos da folha de pagamentos para empregados e empregadores e investimentos federais em infraestrutura foi bem recebido pelos economistas. Analistas ouvidos pelo “New York Times” estimam que o projeto poderá – se aprovado pelo Congresso – gerar de 100 mil a 150 mil novos postos de trabalho por mês em 2012. Apenas 40 mil empregos mensais vêm sendo criados desde abril, aumentando a preocupação sobre um segundo mergulho da economia.

Mas não bastou para atenuar a pressão sobre o Salão Oval. Os republicanos recaíram em sua atitude de confronto quando avisados que o pacote de US$ 447 bilhões terá de ser financiado com aumento da carga tributária para ricos – anátema para o partido e o Tea Party. Para complicar, a taxa de desaprovação do presidente chegou ao nível recorde de 55%, segundo a CNN. E dados do censo indicaram que o número de americanos na pobreza atingiu, no ano passado, 15% da população – inédito desde 1993. São 46 milhões de pessoas, maior contingente em 52 anos. Não falta nem um desastre eleitoral: um republicano pouco conhecido derrotou um democrata num forte reduto do partido do presidente em Nova York, no Queens, em pleito para preencher uma cadeira vaga na Câmara de Representantes. O resultado foi apresentado como veredicto sobre o governo Obama pelos republicanos, que começam a se animar com a campanha interna para escolher seu candidato. A sensação é que o presidente e a oposição vivem se digladiando, quando deveriam agir rapidamente para resolver problemas imediatos, como desemprego, pobreza, assistência médica, etc. Por isso, é ruim a avaliação dos políticos e dos partidos. Para os estrategistas democratas, é terrível a declaração ao “New York Times” de Linda Goldberg, 61anos, depois de votar em Queens: “Sou democrata registrada, minha família é democrata e odeio dizer que votei no candidato republicano. Eu precisava enviar uma mensagem ao presidente de que ele não está trabalhando bem. Nossa economia está horrível. As pessoas estão apavoradas.”

Se o contexto interno é desfavorável, o externo não é melhor: o euro está em crise e a União Europeia dividida sobre como evitar que os países mais frágeis deem calotes, terríveis para a economia mundial. Com poucas opções, Obama espera que o Congresso aprove seu pacote sem desfigurá-lo. Caso contrário, a ele restará convencer os eleitores de que os republicanos são os responsáveis pela difícil situação do país. É tarefa duríssima. Terá de recorrer ao mote da campanha presidencial de 2008: “Yes, we can!”.

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