Short and Fine (Ross Perot/Ron Paul)

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Com 80% dos americanos insatisfeitos com o rumo do país e amplas maiorias desencantadas com os dois “partidões”, o cenário parece ideal para um candidato presidencial independente nas eleições do ano que vem. Num clima menos azedo (quando 40% dos americanos estavam insatisfeitos), o bilionário texano Ross Perot baratinou a eleição de 1992, conquistando 19% dos votos populares (zero no Colégio Eleitoral). O sucesso de Perot, que investia contra o déficit fiscal e a globalização, facilitou a vitória do democrata Bill Clinton e prejudicou o presidente republicano George H.W. Bush, que buscava a reeleição quando o país se safava da recessão.

É improvável que o bilionário prefeito de Nova York Michael Bloomberg faça um lance presidencial, o Bloomberg visto como centrista ou moderado. E um outro texano, sem o dinheiro, mas desbocado como Perot? O deputado republicano Ron Paul cativa um setor do país com sua mensagem de rigorosa disciplina fiscal (e um chamado bizarro e inviável pela abolição do Banco Central), um discurso libertário (que choca muitos conservadores por pedir, entre outras coisas, a legalização das drogas) e uma postura isolacionista (e irrealista) em política externa. Ron Paul está na corrida das primárias republicanas e não tem chances de vitória.

A imagem clássica de Ron Paul é do tio excêntrico que diz o que vem na cabeça na mesa de jantar. Mas com políticos movidos a marketing e com consistência de esponja, Ron Paul transmite integridade, como no debate dos candidatos republicanos da semana passada quando definiu tortura como tortura. Ele diz não ter “intenção” de concorrer como independente, mas não descarta a possibilidade.

Uma recente pesquisa Wall Street Journal/ NBC News revela que 18% de eleitores dariam o voto a Ron Paul, contra o presidente democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney. São cifras consideradas surpreendentes. No geral, a conversa de um lance presidencial independente assusta mais os republicanos do que os democratas. Mesmo um independente centrista seria mais favorável a Obama. Se for assim, na variação da frase clássica do marqueteiro de Clinton, James Carville, é a sorte, estúpido!

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