Obama, a President

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Para começar, se os americanos estivessem calados não diziam disparates mas isso não os impedia de fazer asneiras. Os que primariamente me consideram antiamericano estão redondamente errados.

Barak Obama despertou a imaginação de milhões de pessoas em todo o Mundo. Obama era a novidade mas não é menos verdade que o Mundo estava farto de George W. Bush, tão farto quanto lamentava a partida de Bill Clinton. Barak Obama no final do seu primeiro mandato não é mais do que um Presidente dos Estados Unidos pior e com menos imaginação que o ultimo democrata da Casa Branca: Bill Clinton.

Se “à vol d’oiseau” fizermos um balanço do mandato Obama teremos um colossal desapontamento. A política no Iraque ou no Afeganistão não mudou a não ser para colocar o ênfase em operações mais secretas que as acções encobertas da época Reagan. Guantânamo não conheceu qualquer modificação nem os prisioneiros têm outro tipo de tratamento ou passaram a beneficiar dos direitos liberdades e garantias de qualquer cidadão em território americano.

A economia continuou a ser desgovernada e a crise financeira que atinge hoje o Mundo foi gerada, nasceu e cresceu nos Estados Unidos. Obama agiu como pode, sem grande imaginação nem determinação e atirou com o ónus para cima dos europeus que, incapazes também se deixaram embrulhar e não fazem nem ideia como é que vão resolver a questão deixando que se comece a instalar o princípio do “salve-se quem puder”.

A crise financeira transformada agora em profunda crise económica continua a gerir a política internacional sem que surja uma liderança forte que lhe consiga fazer frente. Não surge porque essa liderança não existe e essa culpa não é só dos americanos, como é evidente. A liderança Obama – a liderança que sempre se espera de um Presidente dos Estados Unidos – não surgiu. Pelo contrário, Barak Obama foi arrastado literalmente por Sarkozy para uma aventura na Líbia. Mas antes disso a Administração americana deixou-se apanhar de surpresa (ou assim pareceu, o que ainda seria mais grave) na Tunísia, no Egipto, no Iémen e noutros Estados Árabes, seus aliados ou não. Washington pode ter sido surpreendido mas os Estados Unidos não podem ser ultrapassados por aliados como Sarkozy. Sendo a potência dominante devem assumir a liderança e evitar males maiores, o que nem sempre os americanos têm conseguido com sucesso.

No Egipto deixaram cair o seu principal aliado árabe no Médio Oriente, Hosni Mubarak. No Egipto as coisas não tinham corrido tão mal como na Líbia porque depois de a Casa Branca ter tirado o tapete a Mubarak foram os militares quem assumiu o poder, de forma alegadamente transitória. Uma transição que a Junta Militar procurava empurrar mais para a frente procurando um espaço de manobra político que permitisse reduzir a força da Irmandade Muçulmana e a subida ao poder, através de eleições de mais uma força islâmica.

Ora, com a multidão na rua Washington veio colocar publicamente reservas às decisões dos militares egípcios, eventualmente para reduzir o sentimento anti-americano no Egipto. Sem sucesso. Esse sentimento não será mitigado pela atitude americana. Mas se a simpatia é recusada não é menos verdade que se gera um sentimento de força contra os militares que derrubaram Mubarak.

A pouco tempo de eleições presidenciais nos Estados Unidos e com alternativas republicanas nada apelativas resta esperar que sendo o segundo e último mandato de Barak Obama, ele tenha reservado para os seus últimos quatro anos a liderança que faltou nos primeiros.

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