Guantanamo and High Price of Barbarity

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A penitenciária de segurança máxima de Guantánamo é o foco da guerra dos Estados Unidos contra o terrorismo islâmico, um lugar que fica longe da visão de muita gente e cujo preço de manutenção é económica e politicamente alto.

Para manter os seus 171 presos em território cubano, os EUA gastam 800 mil dólares por ano por preso, aos quais é preciso somar o custo logístico de manter uma base militar americana em território completamente isolado por terra.

Camiões, material de construção e até a alface fresca do único McDonalds em Guantánamo são levados em navios ou aviões, com o consequente custo para manter uma base que há uma década começou a receber os primeiros presos da guerra dos EUA contra a rede terrorista Al Qaeda e na qual foram investidos desde então 500 milhões de dólares. Segundo fontes do Pentágono consultadas pela Agência Efe, é difícil detalhar a quantia exacta do custo de manutenção da base, com dez mil militares e suas famílias, mais um grande número de filipinos e jamaicanos, em parte porque algumas verbas utilizadas não são divulgadas.

A complexidade logística e a despesa aumentam com a realização das “comissões militares” em “Camp Justice”, um complexo de edifícios pré-fabricados que nos últimos dias 17 e 18 de Janeiro acolheu pela segunda vez um processo militar contra o saudita Abd al Rahim al Nashiri, acusado de planear o ataque ao navio de guerra “Cole”, em 2000, no qual morreram 17 oficiais americanos.

O juiz civil de Nashiri, Richard Kammen, definiu a penitenciária como “um monumento ao esbanjamento” ao se queixar durante a audiência do elevado custo de mobilizar toda uma equipa de defesa, procuradores, analistas, oficiais, observadores, parentes das vítimas e jornalistas a este local do Sudeste de Cuba.

À prisão mais cara do mundo se chega lentamente por uma estrada que atravessa uma zona residencial e que atravessa uma paisagem de cactos e arbustos até desembocar numa área montanhosa.

Sobre esses morros fica a prisão de segurança máxima de Guantánamo, com o seu interminável perímetro de cercas, espirais de arame e torres de vigilância. No seu interior há vários campos de prisioneiros e algumas organizações internacionais acreditam que guarda inúmeros segredos.

Mantê-los não é barato. Só nos campos cinco e seis, os mais cheios, há 900 guardas que na sua maioria recebem o salário correspondente a um soldado desdobrado numa zona de guerra, muito superior ao de um oficial de prisões militares.

No campo seis, dedicado aos presos de melhor comportamento, ficam 85 por cento dos detidos, segundo disse à Efe o chefe do módulo, um militar que não traz o seu nome na lapela e que também não quis divulgá-lo.

“Isso pode dar uma ideia de como é o comportamento dos presos”, explica, embora afirme sem dar detalhes que podem ocorrer situações complicadas, visto que, entre outras causas, eles “têm acesso a notícias”, entre outras, as da rede “Al Jazeera” em inglês.

Durante a visita, o oficial explica atrás de um vidro opaco como os detidos – observados sem que eles saibam – compartilham numa área comum uma aula de arte, na qual pintam, sempre com os tornozelos presos ao chão por correntes.

O centro penal para os mal comportados é o campo cinco onde existem mais medidas de segurança e os presos, que rondam entre 20 e 30, ficam em celas concebidas para evitar que se magoem.

Esses presos, que são controlados de três em três minutos, só podem sair das celas para ver televisão ou ler jornais, presos ao chão quatro horas por semana com tempo variável para sair ao ar livre.

Questionado sobre se existem campos secretos na base, um dos responsáveis da prisão afirma em tom misterioso: “todos os campos secretos são secretos”.

Mas o custo mais alto para o Governo dos EUA pode ser a perda de confiança na sua capacidade para fazer justiça, como indicou a defesa de Nashiri, que qualificou as comissões militares como uma “fachada” cheia de obstáculos que não existem num tribunal federal.

Os procuradores garantem que estes tribunais oferecem todas as garantias necessárias em processo contra “inimigos de guerra”, mas para grande parte dos presos que ficam em Guantánamo – de um grupo inicial de perto de 700 – não há provas claras de que tenham sido combatentes da Al Qaeda, enquanto passam os seus dias isolados na base.

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