Etch-A-Sketch

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Segu­ra­mente não era esta “men­sagem” que Mitt Rom­ney que­ria estar a dis­cu­tir hoje, no rescaldo da vitória no Illi­nois. Segundo o prin­ci­pal con­sel­heiro político da cam­panha, o ex-governador terá tempo sufi­ciente para “refor­mu­lar” as suas posições e pin­tar um novo retrato para si próprio e a sua can­di­datura antes do embate com Barack Obama — apa­gar o que está e desen­har uma coisa nova, como as cri­anças fazem quando brin­cam com um Etch-a-Sketch. “Começar tudo do princí­pio”, resumiu Eric Fehrnstrom.

Na real­i­dade, é o que fazem todos os can­didatos quando tran­si­tam da fase das primárias para a cam­panha pres­i­den­cial: no primeiro caso, os con­cor­rentes falam num código cifrado para as facções mais orto­doxas do seu movi­mento político; no segundo, pre­cisam de demon­strar aber­tura e mod­er­ação sufi­ciente para cati­var o eleitorado que não baseia a sua escolha exclu­si­va­mente por critérios par­tidários ou pura­mente idol­ógi­cos (os prag­máti­cos independentes).

Mas nesta fase da cam­panha, em que Rom­ney ainda luta con­tra a ideia pré-concebida de que é um falso con­ser­vador, um can­didato con­struído com base em receitas de focus-groups, um flip-flopper em vez de um homem de ideias e con­vicções pro­fun­das, a men­sagem de recon­strução veic­u­lada por Eric Fehrn­strom só vem confirmar/reforçar a descon­fi­ança que o seu can­didato já merece de uma parcela sig­ni­fica­tiva do eleitorado conservador.

Rick San­to­rum, obvi­a­mente, não perdeu tempo para explo­rar a gaffe. Os Democ­ratas tam­bém não. E as pes­soas que ado­ram fazer piadas no Twit­ter só podem estar a agrade­cer mais este brinde.

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