Mitt Romney the CEO

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O can­didato repub­li­cano à presidên­cia, Mitt Rom­ney, tem estado sob intenso fogo dos seus adver­sários democ­ratas, por causa da riqueza que acu­mu­lou enquanto fun­dador e admin­istrador da sociedade de inves­ti­mento Bain Cap­i­tal: uma série de anún­cios tele­vi­sivos, desta­cando o papel daquela sociedade na descap­i­tal­iza­ção e pos­te­rior encer­ra­mento de uma série de empre­sas indus­tri­ais ou chamando a atenção para a deslo­cal­iza­ção de pos­tos de tra­balho através dos seus inves­ti­men­tos, tem estado a pas­sar nos chama­dos swing states que o Pres­i­dente Barack Obama pre­cisa de garan­tir para con­quis­tar um segundo mandato.

Ao mesmo tempo — tal como já acon­te­ceu na fase com­pet­i­tiva das primárias repub­li­canas — Mitt Rom­ney tem sido acos­sado pelo secretismo das suas declar­ações finan­ceiras: uma inves­ti­gação recen­te­mente pub­li­cada pela revista Van­ity Fair dava conta da existên­cia de con­tas bancárias em ban­cos suíços e de inves­ti­men­tos de valor inde­ter­mi­nado esta­ciona­dos em paraí­sos fis­cais nas ilhas Caimão e Bermudas.

Hoje, um artigo do Boston Globe traz para o debate um novo dado: vários doc­u­men­tos ofi­ci­ais, entregues por Mitt Rom­ney junto da Secu­ri­ties and Exchange Com­mis­sion e das autori­dades dos esta­dos do Mass­a­chu­setts e do Delaware, provam que o can­didato se man­teve como único accionista e CEO da Bain Cap­i­tal até ao ano de 2002, recebendo 100 mil dólares anu­ais pelas suas funções. O dado é embaraçoso porque Rom­ney sus­tenta que aban­do­nou as suas funções direc­ti­vas na sociedade em Fevereiro de 1999, quando assumiu a respon­s­abil­i­dade pela gestão e orga­ni­za­ção dos Jogos Olímpi­cos de Inverno em Salt Lake City.

Os fac­tos relata­dos na notí­cia podem ter uma expli­cação admin­is­tra­tiva, como parece querer insin­uar a sua cam­panha, que numa primeira reacção frisou que Mitt Rom­ney ainda não tinha feito a trans­fer­ên­cia da pro­priedade para out­ros sócios e por isso fig­u­rava nos doc­u­men­tos “tec­ni­ca­mente” como accionista e CEO, ele já não tinha nen­huma inter­venção na sociedade e por­tanto não pode ser respon­s­abi­lizado pelas decisões de inves­ti­men­tos feitos nesses anos.

Mas os novos dados tam­bém podem abrir uma caixa de Pan­dora, e expôr Rom­ney a uma nova vaga de questões (e ataques) de difí­cil resposta. A primeira de todas é: se Rom­ney já não tinha nada a ver com a Bain Cap­i­tal, porque é que esta lhe pagava 100 mil dólares por mês a título de vencimento?

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