Leadership in Space

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Times Square encheu-se para assistir à aterragem em Marte. Para muitos este é o “momento espacial” da sua geração, o equivalente à missão lunar de 1969. Os EUA provam que o alto índice de fracassos das missões a Marte não é uma fatalidade, que vale a pena investir na NASA, em engenharia, tecnologia e ciência. Sobretudo mostram quem é o país mais bem preparado para a competição espacial, um campeonato mundial paralelo onde se joga o estatuto, o prestígio, a visão e a força tecnológica vanguardista das grandes potências e das aspirantes a tal. Do ponto de vista da Casa Branca, esta foi uma missão de excelência, perícia e poder. Do ponto de vista dos americanos, a doutrina divide-se: uns recuperam o estrelado sonho americano, outros discutem a pertinência do investimento. No final de contas, tira Obama algum benefício eleitoral de tudo isto? É provável que pouco. Tirando o sinal de perseverança e liderança global, a única vantagem será fixar um eleitor de classe média ligado às universidades, ciência, investigação, em Estados próximos da indústria espacial (Florida, Califórnia, Novo México ou Oklahoma). Mas sobretudo o que esta missão pode desencadear é a chegada a outro patamar de competição entre grandes potências. A Rússia tem fracassado as suas missões, a última da quais em janeiro. Em Moscovo, para lá dos desastres militares frequentes com material obsoleto, falhar a competição espacial é mais um sintoma de declínio. A China precisa de evoluir tecnologicamente, o que implicará investimento e tempo. A Índia já tem uma missão agendada para novembro de 2013, plano que é descrito oficialmente como “o projeto de demonstração tecnológica”, mais uma prova necessária da sua ascensão e poder. Não é só em Terra que os equilíbrios entre potências se travam – nem todos necessariamente conflituais. Marte juntou-se à festa.

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