America Is Still the Best Country for Millionaires

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Os ricos americanos estão ainda mais ricos, proclamou a Forbes. Mais 13% de fortuna em média para festejar. Já os magnatas chineses viram a sua riqueza minguar, revelou quase em simultâneo o Hurun Report. Menos 9% de dinheiro, segundo a publicação que tenta ser na China aquilo que a revista Forbes é há décadas nos Estados Unidos: a referência na arte de elaborar listas dos mais ricos. Estranhos números, não é?

Bill Gates continua a ser o americano mais abastado (e no mundo só fica atrás do mexicano Carlos Slim). O fundador da Microsoft vale 66 mil milhões de dólares, revela a lista dos 400 mais ricos dos Estados Unidos. A seguir vem o investidor Warren Buffett, agora com 46 mil milhões de fortuna pessoal.

São bem mais modestos os valores dos milionários chineses. A encabeçar a lista da Hurun está Zong Qinghou, que faz rios de dinheiro no negócio das bebidas. Possui 12,6 mil milhões de dólares. Depois aparece Wang Jianlin, o homem que ambiciona construir um centro comercial em cada cidade chinesa. A sua riqueza andará nos 10,3 mil milhões de dólares.

Este Relatório Hurun não inclui os magnatas de Hong Kong, velhos milionários como Li Ka-Shing. Mas mesmo assim é revelador que o mais rico da República Popular tenha duas dezenas de americanos à sua frente quando se fazem as contas sobre o quão recheada é a carteira de cada um. É consequência de só há três décadas o regime chinês ter proclamado que enriquecer é glorioso, criando um choque entre o legado revolucionário de Mao Tsé-tung e a adesão pragmática de Deng Xiaoping ao espírito do capitalismo.

Contradições dessas os Estados Unidos não têm. O direito a enriquecer faz parte do sonho americano.

O estranho é comparar a evolução das duas economias com a dos seus magnatas. Em 2012, os Estados Unidos devem crescer 2,1% e a China 7,8% (previsões da Economist). E, porém, os capitalistas americanos celebram um belo ano, enquanto os chineses choram as perdas. É tudo uma questão de perspetiva. Habituada a taxas de crescimento de 10%, a China assusta-se com a desaceleração da sua economia e assim os valores mobiliários caem a pique e a bolsa dá sinais de pessimismo.

E é isso que se reflete no Hurun Report, criado em 1999 em Xangai por Rupert Hoogewerf, cidadão britânico nascido no Luxemburgo, diplomado em Chinês e que até chegou a trabalhar para a Forbes.

Falta uma década para a China ultrapassar os Estados Unidos como primeira potência económica. Com quatro vezes mais população, impõe a ordem natural das coisas, o regresso a uma liderança que foi sua até ao início do século XIX. Mas será uma vitória pela quantidade, não pela qualidade.

Tal como cada americano tem hoje um rendimento médio dez vezes superior ao de um chinês, também os ricos sabem que por muitos anos ainda os Estados Unidos vão ser a melhor pátria para se ser milionário.

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