The US in Africa

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Desengane-se quem acha que África está fora do radar dos EUA. Com “estratégia para a África subsariana” aprovada por Obama em junho de 2012, Washington acaba de nomear novo responsável pelo Africom, o comando nascido em 2007 com sede em Estugarda. O general David Rodriguez, ouvido há dias no Senado, traçou o seu plano: o que se passa no Mali tem ramificações e os EUA têm de se preparar melhor para enfrentar a Al-Qaeda e afiliados num continente de potencialidades mas repleto de ameaças. Para Rodriguez, o Africom está a carburar mal e precisa de se adaptar.

A verdade é que, nos dois últimos anos, os EUA participaram militar e logisticamente na Líbia, na Somália e agora no Mali. Exatamente, no Mali. A rapidez de França no terreno não teria sido possível sem apoio norte-americano, ao qual deve ainda suporte de informações, vigilância e comunicações. Pé ante pé, a “guerra global ao terrorismo” percorre também África, mesmo que a expressão tenha sido abandonada. Nos últimos anos, os EUA transferiram tecnologia (drones), aparato militar e recursos humanos para uma mão-cheia de plataformas africanas: estão na Etiópia, Seicheles e Quénia, e têm uma base no Djibuti de apoio às missões na Somália e Iémen. Ao todo, 5 mil homens (menos que os 28 mil na Coreia do Sul) estão no continente dirigidos pelo comando africano. Não deve faltar muito para saltar da Alemanha para local mais próximo das operações (Cabo Verde?). A intenção é clara: monitorizar os focos de terrorismo mais complicados (Mali, Nigéria, Somália), poder atuar rapidamente com drones ou, se assim for decidido, com outros meios, e estabelecer parcerias políticas através da salvaguarda de segurança. Com o Níger, já em marcha, ou Burkina Faso, em equação.

Neste quadro regional, uma palavra para a costa ocidental, em particular para o golfo da Guiné, onde os Açores podiam ter uma palavra interessante na valorização das Lajes. Resta saber se Lisboa tem feito tudo nesse sentido.

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