Banana Republic IV: American Credit

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Banana Republic IV (o crédito americano)

Cabeça baixa de Obama na última reunião do G-20

Com o espetáculo de disfunção em Washington, o duelo fiscal entre republicanos e democratas e a paralisia parcial do governo, o crédito americano está em jogo. Não se trata apenas de confiança econômica, especialmente se tivermos a grande batalha dentro de duas semanas sobre a elevação do teto da dívida, mas da determinação e da habilidade dos EUA para atuarem como um player global. As dúvidas valem, tanto para aliados, como para adversários da única superpotência do planeta. Para lembrar o óbvio, Vladimir Putin está fazendo a farra com o estrago americano. A nossa Dilma também. Quem diria.

Neste tema, temos sacadas na mosca de Gerald Seib, do Wall Street Journal, sobre os perigos. Infelizmente, o texto é só para assinantes. São questões desconfortáveis: quando a disfunção em Washington, que se tornou crônica, vai corroer de vez a confiança dos países aliados nos EUA? E quando os adversários vão tirar vantagem (ainda mais) desta paralisia?

Afinal, como confiar em uma superpotência que tem dificuldades de governança e se mostra incapaz de acordo dentro de casa sobre o pagamento de suas contas? Casa Branca e Congresso (onde os republicanos têm maioria na Câmara) vivem no duelo permanente. E existem ingredientes geopolíticos preocupantes: houve uma rebelião bipartidária no Congresso contra o plano do presidente Obama de acenar com uma operação militar na Síria em setembro.

Um clássico jornal conservador, o Times, de Londres, publicou editorial, desancando a “irresponsabilidade” em Washington. Como os americanos podem neste cenário exercer a liderança global?

Basta pegar o caso da crise nuclear iraniana. Israel divaga se, na esteira da relutância do Congresso para apoiar a Casa Branca na crise síria, os EUA terão realmente estômago para uma operação militar no Irã. Aqui, é verdade, o Congresso tem mais apetite do que no caso sírio. Nos mesmo termos, o Irã divaga se aa Casa Branca poderá convencer o Congreso a amainar sanções como parte de negociações nucleares.

E nos cenários imponderáveis, imagine o que se passa na cabeça do garotão norte-coreano Kim Jong-un sobre a credibilidade das ameaças americanas a respeito de suas armas de destruição em massa. No mínimo, a disfunção em Washington aumenta o risco de erro de cálculo.

O fato é que, como lembra o guru Richard Haas, do Council on Foreign Relations, as deficiências e disfunções domésticas ameaçam diretamente a “habilidade americana de projetar poder e exercer influência no exterior”. Ruim para os EUA, péssimo para o resto do mundo.

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