The Descent of Chris Christie

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O ocaso de Chris Christie

Chris Christie, o republicano durão e competente que se dá bem com Democratas, transformou-se em chefe de quadrilha de bullying que bloqueia pontes para se vingar de desafetos. E essa é uma péssima notícia para o Partido Republicano.

Christie, governador de Nova Jersey, é a grande esperança dos republicanos para retomar a Casa Branca em 2016. Em uma pesquisa realizada pela CNN/ORC International há duas semanas, ele é o único republicano que consegue empatar com a democrata Hilary Clinton, possível candidata na eleição presidencial de 2016: ela com 46%, ele com 48% (dentro da margem de erro de dois pontos porcentuais).

Os outros possíveis candidatos republicanos – Paul Ryan, que foi vice na chapa de Mitt Romney em 2012; Ted Cruz, o estridente estandarte do Tea Party, Rand Paul, o libertário dado a gafes, Marco Rubio, o “Obama” hispânico, e Jeb Bush, também como conhecido como “o melhor dos irmãos” – ficam a léguas de distância de Hillary.

A imagem cultivada cuidadosamente por Christie e seus assessores era de um Clint Eastwood bem acima do peso, sem papas na língua, um legítimo “gente que faz”.

Christie dava broncas em eleitores e não se furtava de dizer verdades até para colegas republicanos. Mas abraçava o presidente Barack Obama nos esforços de resgate do furacão Sandy, em 2012, ao mesmo tempo em que agradava republicanos com sua ortodoxia fiscal e sua ojeriza pelos sindicatos de professores.

Além disso, não era tão radical como seus colegas do Tea Party a ponto de alienar totalmente os eleitores independentes, cujos votos são necessários para vencer a eleição.

O caso que vem sendo chamado de “pontegate” – assessores de Christie determinaram o fechamento da ponte mais movimentada do país para se vingar do prefeito de Forte Lee, em Nova Jersey, que não apoiou Christie em sua reeleição – solapa toda essa imagem. Não é exatamente bipartidário punir milhares de habitantes de uma cidade para retaliar um opositor político, certo?

Há algumas semanas, Christie chegou a fazer piadas sobre seu possível envolvimento no imbróglio. “É sim, era eu colocando os cones na ponte…você não está fazendo essa pergunta a sério, né?”

Mas começou a vir à tona um longo histórico de bullying. Reportagem do “New York Times” mostrava que ele retaliava vários que ousaram cruzar seu caminho: um ex-governador perdeu o direito a acompanhamento de um segurança; um professor da Universidade Rutgers teve cortados financiamentos para seus programas; um senador do estado foi “desconvidado” para um evento em seu próprio distrito com o governador.

Christie jura que não sabia de nada sobre o “pontegate” e demitiu dois assessores envolvidos. Se isso for verdade, gera dúvidas quanto a sua capacidade gerencial (e lembra a defesa de Lula no caso do mensalão.)

A oposição tripudiou.

A deputada Debbie Wasserman Schultz, presidente do Comitê Nacional Democrata, disse que Christie é “completamente não confiável” e “abriu mão de seu direito” a qualquer papel de liderança no futuro.

“Sem entrar na questão de quanto ele realmente sabia, ficou claro que Christie criou uma cultura entre seus assessores de alto escalão em que esse tipo de comportamento é aceitável.”

O tempo cura quase tudo. E ainda faltam três anos para a eleição presidencial.

Mas, parafraseando a assessora de Christie que determinou a interrupção da ponte para piorar o trânsito em Forte Lee: “está na hora de uma bela reabilitação de imagem para Chris Christie”.

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