Obama, Lost in the Middle East (but What Elegance!)

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Obama, perdido no Oriente Medio (mas que elegancia!)

Ufa, agosto terminou! Para Barack Obama foi mês infeliz para o seu veraneio, com o conspícuo jogo de golfe, enquanto algumas regiões do mundo, como o Oriente Médio, afundavam em buracos ainda mais fundos. As tacadas do presidente americano foram, para dizer o mínimo, infelizes, como a já lendária “nós não temos ainda uma estratégia” para lidar com o terror do grupo Estado Islâmico na Síria. E enquanto Obama exibia sua retórica pouco vistosa, rolava no Twitter o debate sobre seu terno bronze-de-verão. Eu gostei, cool, uma brisa, mas minha mulher diz que eu não entendo nada de moda (nem de Obama).

Como sair do buraco? Como não afundar ainda mais profundamente? Steve Coll, que escreve na revista The New Yorker e publicou uma biografia sobre o clã Bin Laden tem boas sacadas, boas tacadas. Por ora, Obama olha para o buraco do Siraque (Síria + Iraque) e dá o sinal verde para ataques aéreos contra o Estado Islâmico no Iraque. O casus belli tem três componentes: o Estado Islâmico massacra minorias religiosas, como cristãos e yazidis, e os ataques aéreos podem minimizar a mortandade; o segundo imperativo é reforçar a defesa dos curdos e sua região semiautônoma rica em petróleo no norte do Iraque; e a terceira razão de Obama, com mais appeal para o público interno, é autodefesa: atacar agora antes que o Estado Islâmico tente atacar americanos na região ou nos EUA (a urgência deste argumento é escancarada, com as informações da decapitação de um segundo jornalista, Steven Sotloff).

Steve Coll tem argumentos pontiagudos. A questão não é se retomar a guerra no Iraque é justificável (depois de tantas promessas de Obama de saltar do buraco), mas para onde esta retomada irá levar. Ataques aéreos são insuficientes, mas uma intervenção terrestre dos EUA e países ocidentais seria catastrófica. As opções na Síria são ainda mais ingratas. Os rebeldes moderados são impotentes para derrotar a ditadura de Bashar Assad ou os jihadistas ensandecidos do Estado Islâmico. Neste cenário, restam alternativas como deixar a Síria apodrecer de vez ou apoiar o infame Assad contra os jihadistas.

Na expressão de Steve Coll, Obama e seus assessores, ao invés de uma estratégia, buscam o santuário da lógica da autoabsolvição. E este retraimento realista e amoral tem appeal dentro de casa depois dos anos de arrogância e ignorância que marcaram a política externa americana na era Bush. E nestes dilemas, há um argumento que eu considero convincente: não está claro se o Estado Islâmico, apesar de sua barbárie presente ou devido a ela, poderá persistir como uma ameaça. Afinal, o califado não é um projeto de governo no século 21.

A ascensão de uma excrescência como o Estado Islâmico é sintoma de uma profunda instabilidade no Oriente Médio, para a qual o resto do mundo contribuiu. E como encontrar fontes de estabilidade, governabilidade, segurança e justiça no Siraque? Obviamente não existem respostas embaladas.

Obama alega ainda não ter uma estratégia, mas Steve Coll lembra que o presidente americano possui uma coleção de aliados na região, nem todos confiáveis ou palatáveis, como Arábia Saudita, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Jordânia. Alguns destes aliados, que apoiam os sunitas no Siraque, são chegados até em jihadistas. O ponto a ser destacado é que qualquer projeto de estabilidade vai exigir mais participação no poder e mais autonomia dos sunitas na Síria e no Iraque. Falta, é claro, combinar com o hegemônico poder xiita na região, o Irã, patrono de Bashar Assad e da maioria xiita no Iraque.

Steve Coll arremata que Obama admira o realismo da política externa de George H.W. Bush (o pai), que assistiu com frieza a alguns genocídios, mas costurou a ampla coalizão que derrotou sem derrubar o regime de Saddam Hussien na guerra do golfo Pérsico em 1991. Para fazer algo neste sentido, Obama precisará se engajar pessoalmente de forma muito intensa, arregaçando as mangas e tirando o paletó.

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