An Administration of the Mentally Ill

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O presidente de turno nos Estados Unidos pretende instalar mísseis de médio alcance com capacidade nuclear no Reino Unido e, ao mesmo tempo que combina com Angela Merkel a imposição de novas sanções à Rússia, pede ao primeiro-ministro britânico que não permita a saída do seu país da União Europeia.

O imperador falou e deu ordens aos súbditos, que continuam a sê-lo mesmo que, aqui e ali, pretendam disfarçá-lo. O caso da chanceler alemã é flagrante: depois de fingir que tem política própria em relação a Moscovo acaba de explicar que a sua posição sobre o assunto é a norte-americana e fica tudo dito. Mesmo que tenha sido enxovalhada por simples funcionários de Washington a propósito da Ucrânia, mas isso já lá vai, desculpas aceites, tudo se esquece.

Moscovo informa que acompanha “de muito perto” estas movimentações. É natural, todas elas se dirigem, em primeira e última análise, contra a Rússia. Até porque as mentiras em tempos usadas por Washington, segundo as quais a instalação de equipamentos militares “defensivos” na Europa de Leste pretendiam ameaçar o Irão, tornaram-se inúteis. Os Estados Unidos e o regime de Teerão vão assinar um acordo dentro de dias cujo principal objectivo estratégico para o Pentágono é o de ficar com as mãos mais livres no Médio Oriente para poder reforçar o nível das ameaças contra a China e contra a Rússia. É o que está a acontecer sob os nossos olhos.

A instalação de mísseis nucleares de médio alcance no Reino Unido, virados contra a Rússia, fará com que Moscovo responda da mesma maneira, com armas viradas “para cá”. É um regresso ao passado nos episódios de corrida aos armamentos, o retorno a uma guerra fria que, nunca deixando verdadeiramente de existir, se reactiva em cima de um mundo repleto de guerras quentes.

Durante os primeiros anos deste século, Washington ainda deu a sensação de que o terrorismo internacional passaria a fazer as vezes da extinta União Soviética como argumento imperial para cometer ingerências onde lhe interessa, alimentar guerras para escoar stocks de armamentos ultrapassados, para por e tirar governos a seu belo prazer. Esse tempo já lá vai, até porque qualquer cidadão medianamente informado e que pretenda olhar o mundo com olhos de ver conhece as cumplicidades entre os Estados Unidos e o terrorismo internacional.

Tal como a União Soviética de antanho, a Rússia é o inimigo principal do império – em boa verdade a Rússia e os seus potenciais aliados militares, China e Índia. Foi sobre isto que incidiram os recentes encontros do senhor Obama, que passa mais tempo no espaço da União Europeia do que no seu país. E quando ele chega aos países da União Europeia não é para pedir, é para exigir a rogo de quem o fez presidente e como tal o sustenta, o complexo militar, industrial e tecnológico que governa os Estados Unidos e pretende governar o mundo, em “democracia”, claro está.

Por isso Obama veio dizer ao seu confrade Cameron, eleito de fresquinho, que prepare as bases para que nelas sejam instalados os mísseis nucleares norte-americanos e que se deixe de alimentar as dúvidas sobre se o Reino Unido deve ou não continuar na União Europeia. É do interesse dos Estados Unidos que a União Europeia continue inteira, estável e dócil, por isso que se deixe Cameron de falar em referendos sobre a saída ou não, que ainda podem dar mau resultado mesmo que o sistema eleitoral funcione de modo a evitar incómodos, mas nunca se sabe.

Dir-se-á: Cameron foi reeleito agora, porém o mesmo não pode acontecer com Obama. Pois não – e o que interessa isso? A seguir virá um outro, com um dos dois rótulos regimentais, para fazer a mesma coisa, quem sabe se logo à partida agraciado com um Nobel para que tudo o que ele decida em prol da guerra seja apresentado como denodados esforços pela paz. Estando todos nós reféns destas mentes doentes.

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