Eu saio e retorno das férias e lá ainda está Donald Trump, falando idiotices, disparando insultos e apresentando planos bombásticos. Eu espero que não tenha dito nada muito sofisticado. The Donald não merece. O título da coluna obviamente é uma alusão à marquetagem lendária da campanha de Bill Clinton em 1992 (cortesia de James Carville) sobre o caminho para eleger o então candidato democrata: “É a economia, estúpido!”
A mera estupidez de Trump e a indecente xenofobia (como no “plano” para a deportação de milhões de imigrantes ilegais) rendem. Para quem tiver paciência, esse texto mostra como a estupidez anda de mãos dadas com a crueldade.
O fato é que Trump segue na liderança nas pesquisas no batalhão de 17 candidatos nas primárias presidenciais republicanas. Nas mais recentes pesquisas Fox News e CNN, Trump arrecada 25% e 24% das preferências, respectivamente. O festival Trump também rende de forma adoidada para as duas emissoras. No noticiário noturno, ele reina….estupidamente.
Eu pessoalmente estou cansado de escutar que Trump é um sucesso por falar na língua do politicamente incorreto. Na sua demagogia hiperbólica, Trump traduz complexidades para um simplismo que cai bem aos ouvidos de uma parcela da população.
Como lembra a revista The Economist, Trump tem um público preferencial de homens brancos, de baixo nível educacional e de baixa renda que perderam poder econômico e social, em parte devido à competição global e à automatização, além de feminismo e direitos civis.
No entanto, vale lembrar que Trump também fascina um enorme contingente de mulheres republicanas. Nem me aventuro a tentar dissecar os motivos, especialmente depois do tratamento misógino que ele dispensou à apresentadora Megyn Kelly, da Fox News, no debate de 6 de agosto. Mulheres republicanas pró-Trump, patético!
No seu populismo, Trump atrai americanos antiimigração e a favor do aumento dos benefícios sociais, como a aposentadoria (de novo, para quem tiver paciência, mais um texto ilustrativo, onde se encaixam tanto eleitores republicanos como democratas). Trump não é a favor de um governo pequeno. O magnata acredita que o governo deva ser conduzido por alguém grande e ególatra como ele. E não vamos esquecer que ele defende o protecionismo comercial. Em linguagem sofisticada como a do dito cujo, piraram os conservadores que investem em Trump.
Na esperta marquetagem de Trump, o simplismo é a alma do negócio. No site Politico, Jack Shafer escreve que Trump resiste a palavras multissilábicas e sentenças longas quando fala em um debate ou numa entrevista à imprensa. Tudo literalmente curto e grosso.
Shafer observa que o estilo de prosa de Trump é uma reinvenção do léxico de 850 palavras (o Inglês Básico), selecionado no começo do século 20 pelo linguista C. K. Ogden. Em testes escolares, a austeridade linguística de Trump é digna de um estudante da terceira série.
A palavra favorita de Trump (nenhuma surpresa) é o pronome EU. Com gosto e grosseria (e vou deixar em inglês mesmo), ele metralha seus adversários com expressões como “total losers”, “idiots”, “morons”, “dumb” e evidentemente “stupid”. Idiotas como o radialista Rush Limbaugh saúdam a atual popularidade de Trump como prova da “sabedoria das massas”. Que comentário estúpido!
Um alerta para finalizar esta coluna digna de um aluno da terceira série: não confundam os simplismos estúpidos de Donald Trump com baixa inteligência.
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