Políticos em qualquer parte do mundo não podem ter a ilusão sobre sua capacidade para “fazer a cabeça” de um papa. Isto vale obviamente para presidentes americanos, mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, quando os EUA se converteram em líder indiscutível da civilização ocidental.
O papa Francisco está nos EUA para sua primeira visita e o presidente Barack Obama espera colher os frutos, selecionando aqueles de uma agenda comum com o sumo pontíficie, a destacar o combate ao aquecimento global e às desigualdades sociais (pontos essenciais da plataforma eleitoral democrata em 2016). Obama, um presidente chegado no púlpito, sabe, porém, que não pode ter a pretensão de ensinar o padre-nosso ao vigário. Ademais, existem as diferenças em questões como aborto e casamento gay.
Basicamente, entre o Vaticano de Francisco e a Casa Branca de Obama existe um alinhamento em algumas políticas. Os dois não devem pavimentar um novo caminho e nem de longe podem forjar uma aliança ao estilo de Ronald Reagan e o papa João Paulo II nos anos 80.
Ambos forjaram a história no combate ao comunismo e na derrubada do império soviético. Nos seus encontros diretos e através de assessores, eles tiveram “uma das grandes alianças secretas” da história, na expressão de Richard Allen,que foi assessor de segurança nacional de Reagan. O ex-presidente americano chamou a ex-URSS de “império do mal”, enquanto para o papa polonês a hostilidade ao comunismo era visceral.
E o foco da operação conjunta foi justamente a Polônia, um dos satélites soviéticos na Guerra Fria, no relato de Carl Bernstein, um dos dois repórteres de fama Watergate. Eles concordaram em empreender uma campanha clandestina para apressar a dissolução do império comunista, usando recursos para desestabilizar o governo polonês e para sustentar o sindicato Solidariedade chefiado por Lech Walesa.
O papa tinha um tremendo poder espiritual, em particular na Europa Oriental, enquanto Reagan colaborava bastante com os músculos, através de uma escalada militar que exauriu os soviéticos.
Estamos em um outro momento histórico e nada mais é irônico do que o fato de que um dos pontos em comum entre Obama e Francisco seja o empenho de ambos para a aproximação entre os EUA e Cuba, um dilapidado parque jurássico comunista.
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