Outras vítimas, os ódios de sempre
Na mesma cidade onde, dias antes, uma jovem cantora pop (Christina Grimmie, de 22 anos) foi morta com um tiro na cabeça após um concerto, ocorreu o mais mortífero atentado com armas de fogo na História dos Estados Unidos: um homem de 29 anos entrou armado numa discoteca para gays e, antes de ser morto pela polícia, assassinou pelo menos 50 pessoas (números da noite de domingo) e feriu outras 53. Os fanáticos do pseudo-Estado Islâmico aproveitaram para reivindicar a carnificina, apresentando o autor (Omar, Matten, americano de origem afegã) como “um soldado do califado”. E isso já acontecera no atentado de San Bernardino, na Califórnia, da autoria de um casal. Mas o pai de Omar prefere a visão estritamente homofóbica: o filho teria visto dois homens a beijaram-se na rua, em Miami, e teria ficado transtornado. Sendo duvidosa esta última versão (ou então Omar nunca tinha saído à rua, em Miami ou em Orlando), o mais relevante aqui é que os alvos voltam a ser a diferença e a liberdade. Ou seja, tudo aquilo que os fanáticos terroristas do Daesh ou os taliban afegãos mais abominam. E como essa diferença e essa liberdade têm como protagonistas civis anónimos, são estes as preferenciais vítimas; seja em França, nos Estados Unidos ou em qualquer outro país ou continente onde elas se exerçam ou exibam. Não é segredo para ninguém que gays e lésbicas são tratados como criminosos, torturados ou assassinados por islamistas radicais que, no poder ou fora dele, invocam uma autoridade divina para cometer as maiores atrocidades. O caso de Orlando, que em número de mortes ultrapassou outros massacres com armas de fogo nos EUA, mesmo os mais célebres (e são tantos!), fica como exemplo do que pode o ódio quando associado ao terror. Com apoio do terrorismo islâmico ou sem ele, a verdade é que o atirador de Orlando foi movido pelo ódio à diferença e pelo ódio à liberdade. Ora é preciso não ceder um milímetro no combate para defendê-las.
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