Centenas de jornais reagem em editoriais a agressões do presidente americano à mídia profissional
Centenas de jornais dos EUA fizeram um movimento conjunto na quinta-feira da semana passada, em reação aos ataques de Donald Trump, boa parte deles por tuítes, contra os meios de comunicação e a imprensa profissional. Cada veículo, entre os quais os jornais “New York Times” e o “Washington Post”, publicou editoriais denunciando os ataques do presidente americano como uma tentativa de calar a imprensa, numa resposta à convocação feita pelo “Boston Globe”.
De fato, a cada crítica mais contundente à sua gestão por parte dos jornalistas, Trump reage com insultos e uma agressividade sem precedentes no cargo. A investigação de Robert Mueller sobre possível conluio entre espiões russos e o círculo íntimo do presidente, durante as eleições de 2016, oferece o exemplo mais corriqueiro desses ataques. O tom virulento das críticas cresce vem crescendo em intensidade à proporção que avança a inquirição do procurador especial .
Trump, porém, quase nunca sustenta com fatos as justificações de sua condenação à mídia. Recorre a figuras de linguagem falaciosas, a sofismas e a meias verdades para atacar seus críticos e, em geral, coloca-se como vítima de uma conspiração orquestrada por “forças ocultas” , e difundida pelos meios de comunicação, meros instrumentos de difusão de fake news.
A situação é de tal gravidade que seus próprios assessores temem quando o presidente age de forma intempestiva e, por conta própria, dispara sua metralhadora. A maior preocupação é que, nesses surtos de fúria, Trump cometa perjúrio, um delito sério nos EUA, ou evidencie novas contradições entre o que diz e o que seus advogados de defesa sustentam na investigação de Mueller.
A reação da Casa Branca aos editoriais foi, como esperado, uma renovação sucessiva de ataques do presidente. No mesmo dia, Trump tuitou que “a mídia do fake news” age como um partido de oposição a seu governo. O presidente também classificou os meios de comunicação como “inimigos do povo americano” e reiterou que a maior parte da cobertura da imprensa resulta em fake news.
O “New York Times” chamou a atenção para o padrão de intimidação e pressão que vem do Salão Oval, desde a retirada das credenciais do ex-diretor da CIA John Brennan, após agudas críticas ao presidente, passando pelo aumento de impostos e taxas de empresas tidas como “nocivas” à Casa Branca. Os ataques à imprensa profissional entram neste bojo, mas considerando seu papel relevante, como instituição democrática, os efeitos podem ser devastadores.
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