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Polemic Embassy

November 14, 2018

Published in Folha de São Paulo
(Brazil) on 7 November 2018
by (link to original link to original)

Translated from by Domitila Olivé. Edited by Arielle Eirienne.

Bolsonaro risks provoking negative reactions with his intent to change the location of the diplomatic office in Israel

In the meager space foreign policy has in Jair Bolsonaro’s administrative plan, Israel is mentioned as an important democracy that should not be “despised or even attacked.”

In an effort to build a closer relationship with the Jewish state, the president-elect has stated he intends to fulfill his promise to transfer the Brazilian Embassy in that country from Tel Aviv to Jerusalem — which would mean the acknowledgement of Jerusalem as the Israeli capital, contrary to the wishes of the UN and almost the entire international community.

If such a maneuver actually occurs, there will be a significant change in tone in the position Brazilian diplomacy takes regarding the Israeli-Palestinian conflict. Historically, Brazil’s Ministry of Foreign Affairs has favored a dialogue in search of a two-state solution and negotiation on the status of Jerusalem.

It is this paper’s understanding that this is the path that should be followed, and it would do Brazil good to maintain equidistance on this dispute, also because of the fact that the country is a pacific home to both expressive Jewish and Arab communities.

Despite Bolsonaro’s claiming he sees no issues regarding this matter, his intention to relocate the diplomatic office has spiked an almost immediate reaction from the countries that support the Palestinians. In unmistakable retaliation, Egypt cancelled the reception planned for Chancellor Aloysio Nunes.*

The captain’s** intent to relocate the Palestinian Embassy in Brasilia because of its closeness to the Presidential Palace has also caused dissatisfaction among the Islamic population.

Although symbolic for now, the onus could be borne economically, in the case that Arab nations back a boycott. This group constitutes the second-biggest buyer of Brazilian animal protein, and the total volume of business dramatically surpasses that which is shared with Israel.

There are some hypotheses as to what drives the president-elect in this controversy. Since he has the support of a great portion of the evangelical electors, who are mostly sympathetic toward Israel, a gesture of this magnitude to that country would certainly serve a political agenda.

So far, we cannot overlook the possibility that Bolsonaro is inspired by Donald Trump, whom he so openly admires.

In February, the head of the White House declared the relocation of the U.S. embassy to Jerusalem – a move followed, up until now, by Guatemala only.

The Brazilian already emulates the American in distasteful aspects, such as the hostile treatment towards the press. This Tuesday (Nov. 6), Bolsonaro got upset when being questioned about Egypt’s suspending the visit of Brazilian representatives. When questioned by journalists, he turned his back on them. Later, he stated that the matter was not yet decided.

In the morning, he tried to bar the presence of reporters in the Chamber of Deputies, where he participated in a ceremony. Surely, he is well aware of his own difficulty in exposing complex ideas and dealing with people that are not his cheerleaders.

*Editor’s note: Nunes is Brazil’s minister of foreign affairs.
**Editor’s note: Bolsonaro is a former army captain.

Bolsonaro se arrisca a provocar reações negativas com intenção de mudar sede da representação em Israel

No exíguo espaço reservado à política externa dentro do programa de governo de Jair Bolsonaro (PSL), Israel é mencionado como democracia importante que não se deve "desprezar ou mesmo atacar".

No afã de uma relação mais próxima com o Estado judeu, o presidente eleito afirmou que pretende cumprir a promessa de transferir a Embaixada do Brasil naquele país de Tel Aviv para Jerusalém —o que consistiria em reconhecer esta como a capital israelense, de encontro à ONU e à quase totalidade da comunidade internacional.

Se tal medida vier a se concretizar, haverá uma inflexão significativa na maneira como a diplomacia brasileira se posiciona diante do conflito israelo-palestino. Historicamente, o Itamaraty defende o diálogo em busca da solução de dois Estados, com status de Jerusalém a ser negociado.

No entender deste jornal, essa é a via que deve ser perseguida, e convém ao Brasil manter equidistância nessa disputa, até pelo fato de abrigar, de modo pacífico, expressivas comunidades árabe e judaica.

A despeito de Bolsonaro dizer que não vê nenhum problema na medida, a intenção de mudar o endereço da representação diplomática implicou reação quase imediata dos países que apoiam os palestinos. Em retaliação inequívoca, o Egito cancelou a recepção que faria ao chanceler Aloysio Nunes.

Também causou insatisfação entre a população islâmica o intuito do capitão de realocar a embaixada palestina em Brasília pela sua proximidade do Palácio do Planalto.

Por ora simbólico, o ônus pode se tornar econômico, caso as nações árabes promovam um boicote. Esse grupo constitui o segundo maior comprador de proteína animal brasileira, e o volume total de negócios supera em muito o que se comercializa com os israelenses.

Há algumas hipóteses para o que move o presidente eleito nessa contenda. Dado o apoio que detém de grandes parcelas do eleitorado evangélico, em geral simpático a Israel, um aceno tão eloquente a esse país viria embutido de certo cálculo político.

Não se pode desprezar, ainda, uma possível inspiração de Bolsonaro em Donald Trump, de quem é admirador declarado.

O chefe da Casa Branca anunciou em fevereiro a mudança da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, no que foi seguido, até hoje, apenas pela Guatemala.

O brasileiro já emula o americano em aspectos desabonadores, como o tratamento hostil à imprensa. Nesta terça (6), irritou-se ao ser questionado sobre a atitude egípcia de suspender a visita da delegação brasileira. Cobrado pelos jornalistas, deu-lhes as costas. Mais tarde, disse que o assunto ainda não fora decidido.

Pela manhã, tentara barrar a presença de repórteres no plenário da Câmara dos Deputados, onde participou de cerimônia. Conhece bem, decerto, a própria dificuldade em expor ideias complexas e lidar com interlocutores que não pertençam a sua claque.

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