Depoimento de Michael Cohen acirra contenda entre republicanos e democratas
O depoimento concedido ao Congresso dos EUA por Michael Cohen, ex-advogado do presidente Donald Trump, tornou ainda mais embaraçosa a situação do mandatário, cuja campanha eleitoral é alvo de suspeitas de naturezas diversas.
Cohen afirmou que seu antigo cliente manteve durante a corrida à Casa Branca projeto de construção de uma Trump Tower em Moscou, no qual também estariam envolvidos os filhos Ivanka e Donald Jr., além do genro Jared Kushner.
Declarou também que foi encarregado de pagar US$ 130 mil à atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels, para que ela não confirmasse um caso com o atual presidente.
A prática de silenciar possíveis detratores seria antiga e, segundo o depoente, contava, como já se noticiou, com o auxílio de David Pecker, empresário que controla o tabloide National Enquirer. A publicação compraria direitos de histórias prejudiciais a Trump para evitar que fossem divulgadas.
Cohen disse ainda que o conselheiro político Roger Stone —com longa e polêmica carreira desde quando trabalhou com Richard Nixon (1969-1974)— teria mantido contatos com Julian Assange, responsável por vazamentos de emails de Hillary Clinton. O caso teve ampla repercussão em desfavor da candidatura democrata.
Embora tenha evitado alguns temas que estão sendo investigados por procuradores, preferindo concentrar-se em episódios já conhecidos, o advogado acrescentou novos elementos, ofereceu visão de bastidores e não hesitou em disparar contra o presidente, chamando-o de trapaceiro, mentiroso e racista.
A audiência, como se previa, teve efeito bombástico e acirrou a contenda entre republicanos e democratas, agora com vistas ao pleito presidencial do ano que vem.
Os primeiros, em sintonia com Trump, procuram desqualificar Cohen apontando que ele foi condenado por violar regras de financiamento de campanha e prestar falso testemunho ao Congresso.
Já os democratas usam as declarações para desgastar mais a imagem do mandatário e acenar com o fantasma de um pedido de impeachment. As pressões nesse sentido, porém, encontram resistência entre moderados da legenda.
De fato, o debate em torno das acusações do advogado tende a aprofundar a polarização político-partidária e fortalecer a defesa de Trump entre seus apoiadores.
Mesmo sem impeachment, as tensões políticas tendem a tornar mais árdua a tentativa de reeleição do republicano —que, por enquanto, tem nos bons resultados da economia seu maior trunfo.
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