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Análise: Alinhamento automático à Casa Branca é aposta de altíssimo risco

Voto brasileiro contra resolução na ONU condenando o embargo a Cuba é inequívoca confirmação de que o governo Jair Bolsonaro se abstém de ter política externa própria

O voto brasileiro contra a resolução na ONU condenando o embargo a Cuba é inequívoca confirmação de que o governo Jair Bolsonaro se abstém de ter política externa própria, optando por um alinhamento automático à Casa Branca de Donald Trump.

Trata-se de aposta de altíssimo risco não apenas porque depõe contra o interesse nacional. Afinal, nossos interesses nem sempre se confundem com os de Washington. Bolsonaro arrisca-se porque Trump pode estar prestes a ingressar no seu último ano como presidente. Afinal, considerando a performance dos democratas nas eleições estaduais e locais da última semana, são elevadas as chances de o republicano enfrentar uma luta feroz na busca pela reeleição daqui um ano.

om Elizabeth Warren, Bernie Sanders ou Joe Biden na Casa Branca a partir de 2021, deve haver retomada da política de reaproximação entre Washington e Havana iniciada sob Barack Obama e interrompida por Trump. Assim, o Brasil ficaria isolado com Israel na condenação ao regime cubano na ONU, algo que nem aliados americanos, como a Colômbia (que se absteve), ou governos simpáticos a Trump, como o do premiê húngaro, Viktor Orban, ousaram fazer.

Não precisamos de um governo que, como o do PT, financiou a juros camaradas a construção de um empreendimento em Cuba – o Porto de Mariel – que não beneficiou exportadores brasileiros. Tampouco merecemos um chefe de Estado que se comporta como “poodle” de estimação do presidente americano, num triste simulacro da posição do trabalhista britânico Tony Blair, que recebeu a mesma alcunha por ter se alinhado totalmente às políticas bélicas de George W. Bush nos anos 2000.

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