How Biden’s Election Would Influence Brazil

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Como a eleição de Biden influencia o Brasil

Vitória do candidato democrata deve ampliar pressão internacional sobre Bolsonaro

THOMAS TRAUMANN

Quando era vice-presidente americano, Joe Biden tinha como uma de suas funções cuidar das relações dos EUA com a América Latina. Ele foi importante no destensionamento com Cuba, não escalou as sanções contra Venezuela e defendeu o endurecimento da política de imigração. Mas foi com o Brasil que Biden teve, ao mesmo, foi maior sucesso e fracasso.

A diplomacia do governo Lula terminou com um gosto amargo com malogro do acordo de controle nuclear do Irã. A tentativa brasileira de mediar um tratado que assegurasse acesso limitado de urânio ao Irã.A tentativa brasileira de mediar um tratado que assegurasse acesso limitado de urânio ao Irã foi sabotada pelos americanos. Luís Inácio Lula da Silva nunca perdoou Barack Obama e quando houve a troca de poder, o americano fez o possível para se aproximar de Dilma Rousseff.

Biden era o enviado especial para normalizar as relações EUA e Brasil. Veio ao Brasil várias vezes e telefonava para Dilma quase todos os meses. Tanto interesse também era econômico. À época, o Brasil negociava a renovação de sua frota de caças da Aeronáutica com empresas candidatas de três países, França, Suécia e Estados Unidos. Os franceses ram os preferidos do ministro da Defesa, Nelson Jobim, enquanto os suecos tinham a predileção dos brigadeiros.

Como um caixeiro viajante, Biden se reunia com ministros, brigadeiros e políticos. Quando alguém reclamava da rigidez do Departamento de Defesa dos EUA sobre transferência de tecnologia, o então vice anotava e, um mês depois, voltava com uma resposta. Quando alguém reclamava de preço, ele voltava com um desconto e um financiamento a juros subsidiados. Em alguns meses de trabalho de Biden, a companhia americana Boeing já era a favorita ara vencer a licitação. Biden é um vendedor capaz de vender geladeiras no Alaska ( sobre detalhes das negociações leia as matérias da Americas Quartely e do Estadão.

Tudo mudou quando, em 2013, surgiram os vazamentos do Wikileaks mostrando que a agência de espionagem americana havia grampeado os telefones de Dilma Rousseff, dezenas de assessores e diretores da Petobras. Não havia condições políticas para uma empresa americana vencer uma licitação de entrega de produtos militares depois do escândalo e o projeto comercial de Biden fracassou. O vice-presidente foi o porta-voz do pedido oficial de desculpas que Barack Obama não fez. Mesmo sem a vitória da Boeing, Biden conseguiu que as relações dos governos não se deteriorassem. Foi um feito num momento em que o antiamericanismo crescia na Venezuela e Argentina.

Por essa experiência no caso Boeing e Wikileaks, se for eleito, Joe Biden será o presidente americano que melhor conhece o Brasil na história. Ele conhece como os políticos raciocinam, sabe como funciona a burocracia e tem o respeito dos militares. Se Biden for presidente, Jair Bolsonaro terá um interlocutor sem meias-palavras.

Em março, em entrevista por email à revista Americas Quaterly, Biden foi ameaçador ao responder sobre a política ambiental do Brasil. “Os incêndios que atingiram a Amazônia no verão passado (2019) foram devastadores e provocaram uma ação global para frear a destruição e ajudar no reflorestamento antes que seja tarde demais. O presidente Bolsonaro deve saber que, se o Brasil falhar em ser o guardião responsável da floresta amazônica, o meu governo reunirá o mundo para garantir que o meio ambiente fique protegido”, afirmou.

Nas últimas semanas, diplomatas ligados ao Departamento de Estado tentaram minimizar a declaração, informando que o pragmático Biden não colocaria a agenda ambiental acima das relações comercial. Bobagem. O Brasil sob Bolsonaro é o vilão ambiental mundial e o novo presidente americano nunca iria ignorar o poder do discurso verde na juventude americana.

Pressionar o Brasil a ter uma política ambiental responsável é uma das ações mais baratas que Biden pode tomar no seu primeiro ano de governo, junto com o retorno dos EUA ao Acordo Climático de Paris

Se o Brasil mantiver a sua política destrutiva, impor sanções comerciais ao Brasil ganharia popularidade junto aos jovens verdes e aos agricultores do Meio Oeste. Supor que um calejado Biden perderia essa oportunidade é desconhecer o be-a-bá da política. A eleição de Biden será uma péssima para Bolsonaro.

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