Not a Single Trace of Fraud in the American Presidential Election

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Nenhum rastro de fraude nas eleições presidenciais dos Estados Unidos

Autoridades estaduais afirmam que o processo e a apuração tiveram todas as garantias

Com fluidez, sem contratempos e com garantias. Assim descrevem as autoridades estaduais e eleitorais as eleições e a apuração de 3 de novembro que deram a vitória a Joe Biden. Essas afirmações batem de frente com a denúncia de Donald Trump, alegando uma fraude da qual nenhuma prova foi encontrada até agora. A verdade é que o mandatário, antes que o primeiro voto fosse contado, passou semanas colocando em dúvida a integridade do processo e questionando o voto pelo correio, apesar de estes terem uma longa história de sucesso na história eleitoral dos Estados Unidos.

O presidente ainda não reconheceu a derrota na disputa presidencial, apesar de seu adversário democrata já ter 279 votos eleitorais contra 217 do republicano. Restam 42 votos ainda não decididos, mas não seriam suficientes para Trump atingir o número mágico de 270. Além disso, o presidente imediatamente começou a abrir processos e questionar o sistema nos lugares em que o voto pelo correio foi massivo, mas o magnata não ganhou.

E isso apesar de Nebraska, Dakota do Norte e Montana terem passado para o lado republicano ―todos Estados que prorrogaram o prazo da votação pelo correio devido ao impacto da pandemia. Sobre esses três casos, que lhe são favoráveis com o mesmo sistema, o presidente não disse nada.

“As eleições gerais de 2020 foram uma das mais fluidas e que melhor se desenrolaram, o que é sem dúvida extraordinário devido aos muitos desafios que se apresentavam”, disse à Agência Associated Press Ben Hovland, um democrata nomeado por Trump para a Comissão de Assistência Eleitoral, que trabalha em estreita colaboração com funcionários de sua Administração.

Enquanto isso, os principais líderes do Partido Republicano se mostraram dispostos a prorrogar pelo tempo que for necessário o desafio de Trump aos resultados, apesar de que até o momento a maioria das denúncias e ações judiciais movidas por uma Casa Branca em negação foi rejeitada pelos juízes. Aquelas que ainda estão abertas até agora não mostraram elementos para considerar que houve crime que poderia reverter o resultado das eleições, de acordo com as informações publicadas até agora.

Em Wisconsin, onde Biden venceu Trump por uma vantagem mínima, a mais alta autoridade eleitoral representada por Meagan Wolfe disse que seu gabinete não recebeu relatórios de problemas nas eleições ou reclamações envolvendo irregularidades. O mesmo aconteceu com Michigan, onde sua procuradora-geral, a democrata Dana Nessel, garantiu a legalidade dos resultados. “Deixe-me ser muito clara: as eleições de novembro em Michigan transcorreram com fluidez, como sempre”, explicou Nessel. A única coisa que está acontecendo, acrescentou a procuradora, é que há especulações e teorias da conspiração que considera absurdas.

Recompensa

O jornal The New York Times informou na terça-feira que funcionários eleitorais de ambos os partidos em dezenas de Estados dizem que não existe nenhuma evidência de fraude ou outras irregularidades que teriam influenciado o resultado da eleição presidencial de 2020. Na segunda-feira e na terça, o diário nova-iorquino entrou em contato com as autoridades eleitorais de cada Estado para perguntar se elas suspeitaram ou tinham provas de votos que poderiam ser considerados ilegais. Um total de 49 Estados declarou que não houve nenhum problema. As autoridades contatadas no Texas foram as únicas que não responderam à investigação do jornal.

A acusação de fraude continua sem sustentação. Além disso, Trump e sua aposta pelo caos eleitoral sofreram um duro revés na terça-feira, quando foi divulgado que um funcionário dos correios que alegou ter testemunhado uma manipulação de votos na Pensilvânia negou sua acusação. Além disso, cerca de 80% dos norte-americanos ―metade deles eleitores republicanos― dizem que Biden é o vencedor, de acordo com uma pesquisa da Reuters/Ipsos na terça-feira.

O resultado final ainda não está definido na Carolina do Norte, onde Trump lidera com 50% contra 48,7% de Biden; no Arizona, o democrata leva vantagem, com 49,4% ante 49% do presidente; e na Geórgia, onde o presidente eleito também lidera com 49,5% contra 49,2% do republicano.

O secretário de Estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, confirmou na quarta-feira que o Estado fará uma recontagem de todas as cédulas. Raffensperger disse que a margem é tão estreita que terá de ser feita “manualmente”. De acordo com a lei estadual, os candidatos têm o direito de solicitar a recontagem se a margem de diferença no resultado for de 0,5% ou menos.

Por mais que os números e os fatos apontem o contrário, os fervorosos apoiadores de Trump continuam clamando que houve uma fraude. O vice-governador do Texas, Dan Patrick, ofereceu até um milhão de dólares em troca de informações com provas de fraude. “A perseguição da fraude eleitoral não é apenas essencial para determinar o resultado destas eleições, é essencial para manter nossa democracia e restaurar a fé em eleições futuras”, disse em uma mensagem no Twitter. Qualquer pessoa que forneça informações que levem a uma prisão e condenação final por fraude eleitoral receberá um pagamento mínimo de 25.000 dólares (cerca de 134.790 reais), disse.

Presidente reaparece para comemorar o Dia do Armistício

O 11 de novembro é o Dia do Armistício que colocou um fim na Primeira Guerra Mundial. Nos Estados Unidos é comemorado como Dia dos Veteranos e o presidente homenageia o soldado desconhecido no cemitério militar de Arlington, na Virgínia, do outro lado do rio Potomac. Desde a última quinta-feira não se via Donald Trump diante das câmeras. Naquele dia ele se dirigiu ao país sobre o resultado das eleições, uma transmissão que a maioria das redes de televisão cortou, alegando que suas denúncias eram falsas.

Sob uma chuva persistente, que no tempo de silêncio em memória dos caídos era a única coisa que se ouvia repicando no chão, Trump entrou nesta quarta-feira em Arlington. Até então vivera refugiado na Casa Branca, ruminando através do Twitter declarações enfurecidas sobre a fraude em uma eleição que não o levou a um novo mandato na Casa Branca. Dividiu seu tempo de lazer entre montar um batalhão de advogados para que apresentem denúncias onde suspeita que houve jogo sujo e jogar golfe em seu campo na Virgínia.

O hino soou e o comandante em chefe levou a mão à fronte em uma saudação militar. Ao lado dele, o vice-presidente, Mike Pence, colocou a mão no peito, como corresponde aos civis. Era impossível não se lembrar de outros tempos de divergências entre Trump e os militares. Como quando em 2018 se recusou a visitar um cemitério de soldados norte-americanos mortos na Primeira Guerra Mundial na França porque além de estragar seu penteado ―chovia naquele dia― ele considerava os mortos perdedores e fracassos, como relatou com destaque a revista The Atlantic.

Trump foi nesta quarta-feira a Arlington sem máscara, negando mais uma das realidades que prevalecem no país, uma pandemia que já soma 10 milhões de casos e mais de 240.000 mortos.

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