Por que os republicanos não confrontam Trump?
Popularidade de presidente, que reina absoluto na preferência de seus eleitores, faz demais políticos do partido reféns dele nas alegações infundadas de fraude nas eleições.
Duas pesquisas de opinião explicam o domínio que o presidente Donald Trump exerce sobre os líderes republicanos, mantendo-os coniventes com as acusações sem provas de que a eleição que consagrou Joe Biden foi roubada. A maioria dos republicanos ouvidos assegurou que em 2024 apoiaria a terceira candidatura do presidente — 54% na sondagem realizada por Morning Consult/Politico e 66% na da Seven Letter Insight.
Na primeira enquete, 71% disseram considerar o presidente mais eficiente e comprometido com os interesses dos EUA do que os republicanos do Congresso. Na segunda pesquisa, 80% duvidam da legitimidade do processo eleitoral que negou a Trump um segundo mandato.
Ou seja, tudo indica que ele deixará a Casa Branca em janeiro sem reconhecer explicitamente a derrota para Biden e respaldado como favorito entre seus correligionários para disputar a próxima eleição. Quase 70% veem Trump como o político mais próximo das bases do partido.
A popularidade do presidente transformou líderes e políticos republicanos em reféns dele. Poucos se atreveram a confrontá-lo em seus argumentos infundados de fraude generalizada no pleito do dia 3.
A maioria continua leal a Trump: teme enfrentar a ira de seus partidários e o capital político acumulado em 73,7 milhões de votos — seis milhões a menos do que Biden. E ele tira proveito disso, consciente de que atualmente não há expoente no partido capaz de lhe desafiar.
Na pesquisa Morning Consult/Politico, 12% disseram que apoiariam uma possível candidatura do vice Mike Pence à Presidência; 8% respaldariam Donald Trump Jr., o filho do presidente. Outras figuras republicanas, como o senador Ted Cruz e Nikki Haley, a ex-governadora da Carolina do Sul, tiveram 4% de apoio.
Trump finalmente concordou em facilitar a transição de governo, embora sem admitir que Biden venceu a eleição, no mesmo dia em que mais três senadores se distanciaram do presidente. São oito até agora, um número insignificante, levando-se em conta o total de 53.
Os demais políticos do partido preferem manter-se em silêncio ou neutros, pelo menos publicamente, enquanto as tentativas do presidente de deslegitimar a eleição tornam-se, a cada dia, menos sustentáveis.
O estrago para a democracia americana, contudo, já está feito. Nos 18 dias que se seguiram à vitória de Biden, Trump jogou golfe seis vezes e postou 550 tuítes, a maioria dos quais subvertendo o processo eleitoral. Ainda que não saia candidato, ele prepara terreno para que nas próximas eleições outros candidatos possam fazer o mesmo: minar o resultado das urnas, caso não lhes agrade ou favoreça.
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