Information revealed last Sunday in the United States attests that the lies and falsehoods spread on the internet by Donald Trump’s supporters have generally decreased by 70% following the suspension of accounts belonging to the outgoing president of the country and his allies. As for me, I don’t have any doubts: This is good for American democracy and an example for other democracies.
However, there are a few people on all sides who are peremptorily claiming that the major communication platforms’ suspension of Trump’s account is an act of censorship. They are the distracted democrats.
This is the question we need to ask: Do incitement to hate and insurrection against the democratic system constitute mere opinion? There can only be one answer: no. It is a crime. Just as, for example, it is a crime not only to murder someone, but to order someone else to do it.
During his four years as the head of the U.S., Trump dedicated himself to spreading lies and falsehoods, promoting division and inciting hate among Americans. He had the good will to do so not only from major technological platforms like Twitter, but also from powerful conventional media conglomerates, especially Fox. Those media were therefore responsible for feeding Trumpism.
Everyone knows that there is an America that is racist, xenophobic, revisionist and violent, among other things. But the truth is that during the past four years, America was literally intoxicated by Trumpism and its allies, which allowed it to grow to the point of feeling emboldened to attack the symbol of American democracy on Jan. 6.
In any case, Twitter, followed by the other digital communications platforms, only suspended the future former president’s account after the attack on the Capitol. We have to say it: What happened on Jan. 6, 2021, in the U.S. was an attempt to forcefully undo the election results — in other words, a coup. Last Sunday, local press showed new images from the episode that showed how much more serious and dramatic it was than had previously been known.
Several Capitol attackers stated at the time that they were obeying Trump’s voice. His responsibility is, therefore, undeniable. How can people continue to claim that his declarations fall under the sacred right to freedom of expression and that the prevention of their spread by the media — which, whether private or not, have a public responsibility — is allegedly censorship?
Clearly, communication and journalism need to be urgently reconsidered. From their connection with freedom of expression to their relationship with politics and the market, the ideology of journalistic objectivity, the myth of false equivalencies and the fight for ratings, what happened on Jan. 6, 2021, in Washington, D.C., will force the sector to deeply reflect. Americans have already begun to do so. This reflection will soon reach other societies.
In the area of the Portuguese language, Brazilians — perhaps because they have an even sleazier Trump imitation at home — are also showing signs of heading in that direction.
Os democratas distraídos
Um dado divulgado no passado domingo nos Estados Unidos atesta que as mentiras e falsidades propaladas pela internet pelos trumpistas em geral diminuíram 70% após o encerramento das contas do ainda presidente (até amanhã) do país e dos seus aliados. Pela parte que me cabe, não tenho dúvidas: isso é bom para a democracia americana e um exemplo para as demais democracias.
E, no entanto, não faltam, um pouco por todo o lado, aqueles que afirmam, perentoriamente, que o cancelamento das contas de Trump pelas grandes plataformas de comunicação é um ato de censura. São os democratas distraídos.
A pergunta a fazer é a seguinte: o incitamento ao ódio e à insurreição contra o sistema democrático é mera opinião? A resposta só pode ser uma: não. É crime. Tal como, por exemplo, é crime não apenas assassinar alguém, mas também mandar fazê-lo.
Durante os quatro anos em que esteve à frente dos EUA, Donald Trump dedicou-se a espalhar mentiras e falsidades, a promover a divisão e a incentivar o ódio entre os americanos. Contou, para isso, com benevolência não apenas das grandes plataformas tecnológicas, como o Twitter, mas também de poderosos conglomerados convencionais de comunicação, com destaque para o grupo Fox. Tais meios foram, portanto, responsáveis pela alimentação do trumpismo.
Toda a gente sabe que há uma América racista, xenófoba, negacionista e violenta, entre outros. Mas a verdade é que, durante os últimos quatro anos, essa América foi literalmente intoxicada pelo trumpismo e os seus aliados, o que lhe permitiu crescer, ao ponto de sentir-se encorajada, a 6 de janeiro último, a assaltar o símbolo da democracia americana.
De qualquer modo, o Twitter, seguido das restantes plataformas de comunicação digital, só cancelou a conta do futuro ex-presidente americano depois do ataque ao Capitólio. Temos de dizê-lo: o que aconteceu no dia 6 de janeiro de 2021 nos EUA foi uma tentativa de reverter pela força os resultados eleitorais, ou seja, um putsch. No passado domingo, a imprensa local passou novas imagens desse episódio, que mostraram quão mais grave e dramático foi o mesmo relativamente ao que já era sabido.
Vários dos assaltantes do Capitólio afirmaram em direto estarem a obedecer à voz de Trump. As responsabilidades deste último são, por isso, inegáveis. Como continuar a afirmar que as suas declarações se enquadram no sagrado direito à liberdade de expressão e que impedir a sua difusão pelos meios de comunicação - que, privados ou não, têm uma responsabilidade pública - é, alegadamente, censura?
Claramente, a comunicação e o jornalismo precisam de repensar-se com urgência. Da sua articulação com a liberdade de expressão até à sua relação com a política e o mercado, a ideologia da objetividade jornalística, o mito das falsas equivalências e a luta pela audiência - os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021 em Washington vão obrigar o setor a uma profunda reflexão. Os americanos já começaram a fazê-lo. Logo a mesma chegará a outras sociedades.
No espaço da língua portuguesa, os brasileiros - talvez por terem dentro de casa uma imitação ainda mais rasca de Trump - também estão a dar sinais nessa direção.
This post appeared on the front page as a direct link to the original article with the above link
.