The Vote of a Single Senator Can Change Everything in the US

Published in Veja
(Brazil) on 3 May 2021
by Vilma Gryzinski (link to originallink to original)
Translated from by Ana Bath. Edited by Gillian Palmer.
Due to the split in the Senate, Sen. Joe Manchin is in a position to define key projects.

Everything in a democracy is done to prevent the concentration of power in the hands of a single person or institution. Therefore, and among other reasons, it is interesting to see how fate and the ballot boxes transformed West Virginia Sen. Joe Manchin into a heavyweight on the scales: If he says no, some of President Joe Biden's most ambitious projects will go down the drain.

Manchin, a good-natured, colorful politician who campaigned by shooting down bills he considered harmful, has already nay-sayed giving statehood to Washington, D.C.

This should at least be decided by Congress. If it wishes to amend the Constitution, he said, it has to be done by a constitutional amendment that America can vote on.

Manchin's party colleagues want the District of Columbia to become a state because it would help break the deadlock that currently exists — a 50-50 split in the Senate among Democrats and Republicans — and this would potentially alter the balance of power.

The deciding vote currently falls to Vice President Kamala Harris. However, here is where Manchin's unexpected power will be felt: If he steps back, the project collapses.

District of Columbia voters are so Democratic that it would virtually guarantee that Biden's party would always have two additional senators. Remember, Biden received 94% of the D.C. vote in last year's election, while Donald Trump received a mere 5.4%.

The gigantic public infrastructure projects Biden has proposed will also have to pass the scrutiny of the only man capable of complicating approval of these projects. And the West Virginia senator, from a mainly Republican state, isn't very enthusiastic.

"It's a lot of money, a lot of money. That makes you very uncomfortable," was his comment on the new $1.8 trillion plan for child care, education and paid leave Biden proposed in his speech to Congress.

What politician doesn't like a money tree? Only a kind of guy like Manchin, a centrist politician worried about the increase in the stratospheric American public debt, which is already at $28 trillion, $7 trillion more than the American gross domestic product.

Manchin was not such a rare bird in Congress, but the Democratic Party's swing to the left turned him into a kind of relic from a not-too-distant past. Biden himself was the incarnation of centrism — so much so, that Barack Obama made him his vice president to reassure voters there wouldn't be eany excessive liberalism.

Now, Biden is leaving Obama behind. He vetoed the large pipeline that would bring oil from Canada, he enthusiastically embraced the green economy, he will raise taxes on companies and individuals with higher incomes, and is proposing social programs no one even dreamed of during the Obama administration.

"The fate of Biden's massive spending plans, and the future of America, may be decided on an innocuous looking houseboat several miles away from the U.S. Capitol," The Telegraph somewhat exaggerated.

Manchin, who at 73 still retains his stout quarterback physique — a career interrupted while at West Virginia University due to an injury — lives on a houseboat anchored in the Potomac and regularly invites colleagues from both parties aboard, another rarity of the recent past. He serves pizza and beer while cruising the river.

Trump "was always calling" Manchin, and the senator's name was even considered for deputy secretary of the U.S. Department of Energy — but Manchin quickly announced he wasn't joining Trump's cabinet. Manchin was also disappointed by Trump's penchant for cultivating conflict and unrest.

"He liked conflicts and he liked that turmoil. And that's fine if you're in business. But for public service, it doesn't work," concluded Manchin.

Was the Democratic senator living in a world that no longer exists, where the two parties could find common ground?

Republicans are proposing an infrastructure investment program of "just" $568 billion, as an alternative to Biden's $1.8 trillion plan.

Manchin — an anglicized form of the Italian name Mancini — is certainly taking the alternative into consideration.

He also has said that he accepts at most a 25% tax rate increase for companies. Biden wants to raise taxes from 21% to 28%.

"He should want to get rid of the filibuster because he suddenly becomes the most powerful person in this place — he's the 50th vote on everything," as Democratic Sen. Chris Coons sized up Manchin.

And, obviously, one of the most targeted. Trade unions and corporate lobbies delight in the prospect of sealing trillion-dollar public contracts with the government, and so they lobby Manchin via radio, television and the internet. Conservative groups with the same interests do the same.

Manchin is currently at center stage, and progressive adversaries are holding back. When he said he would not vote for Neera Tanden, whom Biden nominated to serve as director of the Office of Management and Budget, the president discreetly withdrew the nomination of the activist, who is also the director of one of George Soros' institutes as well as a forthright tweeter.

Biden, with four decades in the Senate and a lot of experience in his back pocket, understands that fighting with Manchin now would be self-destructive. But there isn't much time for standing still. Next year there will be legislative midterm elections; history dictates that the party that owns the White House always loses Congress in the middle of a presidential term.

Manchin will certainly feel the pressure in the coming months of being the most powerful man you've never heard of.


Palavra final: o voto de um único senador pode mudar tudo nos EUA
Joe Manchin é um democrata moderado que, por causa da divisão meio a meio no Senado, está na posição de definir projetos fundamentais


Tudo na democracia é feito para evitar a concentração de poder em uma única pessoa ou instituição. Por isso, entre outros motivos, é curioso ver como o destino, e as urnas, transformaram o senador Joe Manchin em um poderoso fiel da balança: se ele disser não, vão por água abaixo alguns dos mais ambiciosos projetos de seu xará, o presidente Joe Biden.

E Manchin, um político meio folclórico de jeito bonachão, que fez campanha atirando com uma arma de caça em projetos de lei que considerava perniciosos, já deu um não bem dado: colocou-se contra a transformação do distrito federal, Washington DC, em estado.

Ou pelo menos que isso seja decidido pelo Congresso. Se quiserem mudar um artigo constitucional, disse, tem que ser feito por emenda aprovada pelo voto popular.

Os colegas de partido de Manchin querem que o distrito onde fica a capital vire estado porque isso ajudaria a romper o tipo de impasse que existe agora; o Senado tem exatamente 50 senadores de cada partido.

O voto de Minerva cabe, assim, à vice-presidente Kamala Harris. Entra aí o inesperado poder de Manchin. Se ele recua, os projetos desabam.

O eleitorado do distrito federal é tão democrata que seria uma garantia praticamente eterna de que o partido do presidente Biden teria dois senadores a mais – Biden levou 94% dos votos na eleição do ano passado; Donald Trump, 5,4%.

Os gigantescos projetos de investimentos públicos propostos por Biden também terão que passar pelo crivo do único homem capaz de complicar sua aprovação.

E o senador por Virginia Ocidental, um estado geralmente republicano, não está muito entusiasmado.

“É muito dinheiro. MUITO dinheiro. Provoca muito desconforto na gente”, foi seu comentário sobre o novo plano de 1,8 trilhão de dólares apresentado por Biden em discurso ao Congresso.

Que político não gosta de dinheiro chovendo do céu? Só mesmo o tipo de sujeito como Manchin, um centrista preocupado com o aumento da estratosférica dívida pública americana, que já está em 28 trilhões de dólares, sete a mais do que o PIB.

Manchin não era uma ave tão rara no Congresso americano, mas a esquerdização do Partido Democrata o transformou numa espécie de relíquia de um passado não muito distante, quando o próprio Joe Biden foi a encarnação do centrismo – tanto que Barack Obama o colocou como vice para tranquilizar o eleitorado desconfiado de excessos de liberalismo.

Agora, Biden está deixando Obama no chinelo. Vetou o grande oleoduto que traria petróleo do Canadá, abraçou entusiasticamente a economia verde, vai aumentar os impostos de empresas e pessoas físicas com maiores rendimentos e está propondo programas sociais nunca sequer sonhados durante o governo Obama.

“O destino dos maciços projetos de gastos de Joe Biden, e o futuro da América, podem ser decididos numa inócua casa-barco”, exagerou um pouco o Telegraph.

Manchin, que aos 73 anos ainda mantém o físico corpulento de quarterback – carreira interrompida ainda na universidade por uma lesão -, mora num barco transformado em casa ancorado no Potomac para o qual costuma convidar colegas dos dois partidos, outra raridade do passado recente. Serve pizza e cerveja enquanto o barco singra o rio.

Donald Trump “vivia ligando” para Manchin e o nome do senador chegou a ser cogitado como secretário da Energia – ele cortou logo a possibilidade. Manchin também se decepcionou com o pendor de Trump para cultivar conflitos e agitação – lembra um outro presidente?

“Pode ser bom no mundo dos negócios, mas não funciona o serviço público”, concluiu Manchin.

Estaria o senador democrata vivendo num mundo que não existe mais, onde os dois partidos poderiam encontrar um campo em comum?

Os republicanos estão propondo um programa de investimentos em infraestrutura de “apenas” 568 bilhões de dólares, como alternativa ao projeto mais gastador de Joe Biden. Manchin – forma anglicizada do italiano Mancini – certamente leva em consideração a alternativa.

E também já disse que aceita no máximo uma alíquota de 25% para os impostos pagos por empresas. Biden quer que a taxação suba de 21% para 28%.

“Ele de repente se transformou na pessoa mais poderosa daqui”, resumiu o senador democrata Chris Coons.

E, obviamente, num dos mais visados. Sindicatos e lobbies de empresas que vibram com a perspectiva de contratos públicos trilionários fazem campanhas visando Manchin diretamente, por rádio, televisão e internet. Grupos conservadores também apelam a ele.

Manchin no momento está no centro do mundo. E as hostes progressistas estão sendo seguradas. Quando ele disse que não votaria por Neera Tanden, que Biden pretendia por no controle do mais importante órgão orçamentário do governo, o presidente discretamente retirou a indicação da ativista, diretora de um dos institutos de George Soros e desbocada tuiteira. 

O escoladíssimo Biden, com quatro décadas de Senado, entende que brigar com o xará agora seria autodestrutivo. Mas não tem muito tempo para a contemporização. No ano que vem haverá eleições legislativas e a experiência indica que o partido que tem a Casa Branca sempre perde o Congresso no meio do mandato presidencial.

Manchin certamente vai sentir nos próximos meses a pressão de ser “o homem mais poderoso de quem você nunca ouviu falar”.


































This post appeared on the front page as a direct link to the original article with the above link .

Hot this week

Brazil: Perplexity, Skepticism, Desperation

Russia: ‘Have Fun’*

Russia: Obama Has Escaped a False START

Germany: US Companies in Tariff Crisis: Planning Impossible, Price Increases Necessary

Topics

Poland: Meloni in the White House. Has Trump Forgotten Poland?*

Germany: US Companies in Tariff Crisis: Planning Impossible, Price Increases Necessary

Japan: US Administration Losing Credibility 3 Months into Policy of Threats

Mauritius: Could Trump Be Leading the World into Recession?

India: World in Flux: India Must See Bigger Trade Picture

Palestine: US vs. Ansarallah: Will Trump Launch a Ground War in Yemen for Israel?

Ukraine: Trump Faces Uneasy Choices on Russia’s War as His ‘Compromise Strategy’ Is Failing

Related Articles

Zimbabwe: As Syria Falls, Is the US Now Targeting Iran?

Egypt: Biden’s Surprise Pardon for Hunter Raises Ethical Concerns and Questions of Integrity

Russia: Unlike Biden and Trump, Ordinary Americans Have No Margin for Error before Lady Justice*

Palestine: Israel and the United States: Who Rules the Roost?

Ukraine: As Military Options Dwindle, US Support Is Key to Ukraine’s Peace Talks