Onde será a próxima guerra ao terror?
Terrorismo de extrema direita pode vitimar os EUA em seu próprio território
Em 11 de setembro de 2001, a Al Qaeda, então liderada por Osama bin Laden, conduziu uma série de ataques terroristas contra os EUA. Não havia precedentes para o número de vítimas —2.977— nem para a resposta do governo norte-americano.
Diante do Congresso, o então presidente George W. Bush prometeu encontrar, neutralizar e derrotar todo e qualquer “grupo terrorista com alcance global”, a começar pela Al Qaeda. Desse modo, o Afeganistão entrou no mapa da guerra ao terror.



O Talibã já governava o Afeganistão desde 1996. No contexto doméstico, o grupo disputava poder com a Aliança do Norte, então liderada por Ahmad Shah Massoud. Dois dias antes do 11 de Setembro, a Al Qaeda assassinou Massoud. Para o governo dos EUA, não havia dúvidas: o Talibã abrigava Bin Laden e a Al Qaeda. Poucas semanas após o 11 de Setembro, os americanos e seus aliados, como a Aliança do Norte, depuseram o Talibã.
Dez anos mais tarde, o então presidente Barack Obama anunciou que os EUA haviam localizado Bin Laden em Abbottabad, no Paquistão. Em uma operação para capturá-lo, Bin Laden morreu após troca de tiros com soldados da Marinha americana. Contudo, a guerra no Afeganistão continuou por outra década.
Imagens do aeroporto de Cabul provavelmente comporão propagandas de organizações como a Al Qaeda, que, segundo a ONU, continua conectada ao Talibã. O Estado Islâmico soma-se aos autores que ameaçam qualquer possibilidade de estabilidade geopolítica na região no momento. Contudo, para o atual presidente, Joe Biden, os EUA “alcançaram o que buscavam” com a guerra no Afeganistão: prevenir um ataque terrorista em território americano. Faltou lembrar, porém, o crescimento do terrorismo de extrema direita nos EUA.
O saldo do conflito segue sendo atualizado. O Talibã, com quem o então presidente Donald Trump celebrou um acordo para que os EUA deixassem o Afeganistão, voltou a governar. Imagens do aeroporto de Cabul provavelmente comporão propagandas de organizações como a Al Qaeda, que, segundo a ONU, continua conectada ao Talibã. O Estado Islâmico soma-se aos autores que ameaçam qualquer possibilidade de estabilidade geopolítica na região no momento. Contudo, para o atual presidente, Joe Biden, os EUA “alcançaram o que buscavam” com a guerra no Afeganistão: prevenir um ataque terrorista em território americano. Faltou lembrar, porém, o crescimento do terrorismo de extrema direita nos EUA.





O terrorismo de extrema direita pode ser compreendido como a ameaça ou uso da violência embasada em uma pletora de discriminações, preconceitos e ódios, como, por exemplo, o racismo, o sexismo, a LGBTQIAP+fobia ou um dos grandes resultados da guerra ao terror: a islamofobia.
O “Center for Strategic and International Studies” (CSIS), considerado o melhor “think tanks” dos EUA e um dos melhores do mundo, conduziu uma pesquisa sobre os ataques terroristas que ocorreram em território americano entre 1994 e 2020. Segundo o CSIS, cerca de 57% das ocorrências podem ser categorizadas como “terrorismo de extrema direita”.
Por exemplo, em 1995, Timothy McVeigh conduziu o bombardeio de Oklahoma City, no qual detonou um veículo lotado de explosivos ao lado do edifício federal Alfred P. Murrah. Matou 168 pessoas. Em 2015, Dylann Storm Roof conduziu a chacina de Charleston (Carolina do Sul), na qual entrou atirando na Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel. Matou nove pessoas. Observando os casos de McVeigh e Roof, há quem alerte que o “próximo 11 de Setembro” tenha origem na extrema direita americana.
Mas há pelo menos um grande obstáculo para combater o terrorismo de extrema direita. O ex-agente do FBI Michael German escreveu um documento chamado “Escondidos à Plena Vista: Racismo, Supremacia Branca e Militância de Extrema-Direita na Autoridade Policial”, no qual detalha ações de extremistas que trabalham como agentes de segurança pública. Há casos de simpatizantes da Ku Klux Klan, por exemplo.
Caso ocorra, a “guerra ao terror de extrema direita”, além de observar os direitos humanos para que não reproduza as violações que protagonizou na prisão de Guantánamo e em outros lugares, precisará começar nas delegacias.
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