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Why Does Cuba Bother the US Government So Much?

December 14, 2021

Published in Sul21
(Brazil) on 3 December 2021
by Miguel Rossetto (link to original link to original)

Translated from by Sarah Marek. Edited by Elizabeth Cosgriff.

Once again, Cuba is faced with a potentially enormous and destructive “hybrid war” because of the Trump and Biden administrations

American imperialism — and, by definition, all imperialism—has no commitment to democracy, social justice and national sovereignty. On the contrary, these pillars are inconveniences, obstacles to be removed in order to achieve its objectives of accumulating wealth and power.

The U.S. government, obviously, is not concerned with the quality of life of the Cuban people or Cuban democracy. Indeed, it is not concerned with defending any democracy in any country around the world. On the contrary, it acts to destroy any and all national democracy that has been occupied by its people and that has served as the basis for the construction of sovereign and independent national projects that refuse American protection.

That said, why does Cuba, an island of 12 million people, bother the U.S. government so much? Because of its rebelliousness, its courage, its hard-won dignity: behavior unacceptable to empire. The Cuban people, at a certain point in their history, resolved to say no more to misery, violence and humiliation. They overthrew a bloody dictatorship that had transformed Cuba into an American brothel, and, under the leadership of Fidel Castro and the 26th of July Movement, chose another path: popular democracy and, later, socialist democracy.

The Cuban people chose to distribute their country’s wealth, to share political power and ensure their dignity and basic rights, such as food, health care, education, work and culture for everyone. They found their way of life in the socialist revolution. And since the beginning, they have been condemned for their choices. After the failed American armed invasion at the Bay of Pigs, they were the target of an infamous and illegal economic blockade that has lasted 60 years in a permanent and relentless war against the country’s people.

The Cuban people resist with their choices, facing enormous economic and political difficulties. The end of the Soviet Union, the economic blockade, the island’s natural borders, natural disasters (such as hurricanes), the ever-changing demands of the people and youth, the death of Castro, and COVID-19 (with its enormous damage to tourism) are not small challenges; they are gigantic. In the most difficult moments, the Cuban government’s choice has always been to take care of the most vulnerable and affirm its solidarity-based internationalism. The Brazilian people got to know and were enchanted by the quality and dedication of the Cuban doctors who worked through the Mais Medicos, or More Doctors, program.

Once again, Cuba is faced with an enormous and destructive “hybrid war” because of the Trump and Biden administrations. The challenges for the leaders of the Communist Party of Cuba and political organizations in the country are enormous. Cuba is experiencing a transition in its political leadership, and, with the presidency of Miguel Díaz-Canel, it is seeking a strategic update to its economy and its socialist democracy. The process of reforming the Cuban constitution, carried out recently with broad popular participation, is an expression of this democratic quest. Investments in the search for an economy with an advanced technological base, especially in the areas of biotechnology, pharmaceuticals and vaccines, are an expression of this quest for a vigorous economy.

Cuba, despite the blockade, is the only country in Latin America to produce its own vaccine against COVID-19 and immunize its entire population, a result of its technological capacity and commitment to the lives of its people. The political challenges, especially under brutal, destabilizing pressure and major economic restrictions, make it enormously difficult to maintain a domestic public space capable of ensuring legitimacy, and to ensure that the Cuban government makes the right decisions.

At a time when capitalism furiously attacks national democracies and basic human rights won through popular struggle, when it makes devastating advances on nature and the planet, imposing a pattern of wealth concentration and insupportable political power, our position can only be one of solidarity with the Cuban people. Solidarity with the Cuban people’s rebelliousness, courage and the ability to fight that they have demonstrated throughout history to defend their socialist and revolutionary victories.

Miguel Rossetto was a federal deputy from the Workers’ Party, vice governor of Rio Grande do Sul and minister of labor and social security.

Mais uma vez, Cuba é flanqueada com uma 'guerra híbrida', de enorme potência destrutiva, pelos governos americanos de Trump e Biden

O imperialismo americano – e por definição todo imperialismo – não tem compromisso com a democracia, a justiça social e a soberania nacional. Ao contrário, para realizar seus objetivos de acumulação de riqueza e poder, esses pilares são incômodos, diques a serem removidos para que seus interesses sejam realizados.

Os governos americanos, por óbvio, não estão preocupados com a qualidade de vida povo cubano, com a democracia cubana; aliás, não estão preocupados em defender nenhuma democracia, em nenhum país do mundo. Ao contrário, atuam para destruir toda e qualquer democracia nacional que foi ocupada pelo seu povo e serviu de base para a construção de projetos nacionais soberanos e independentes, que recusam a tutela americana.

Posto isso, por que Cuba, esta ilha de 12 milhões de habitantes, incomoda tanto os governos americanos? Pela rebeldia, pela coragem, pela dignidade conquistada: condutas inaceitáveis ao império. O povo cubano, em determinado momento da sua história, resolveu dizer basta à miséria, à violência e à humilhação. Derrotou uma ditadura sangrenta que tinha transformado Cuba em um bordel americano, e, sob a liderança de Fidel e do Movimento 26 de julho, escolheu outro caminho: o da democracia popular e, posteriormente, o da democracia socialista.

O povo cubano escolheu repartir a riqueza do país, dividir o poder político e assegurar a dignidade e os diretos básicos como: alimentação, saúde, educação, trabalho e cultura para todas e todos. Encontrou na revolução socialista sua forma de viver. E desde o início foi condenado por suas escolhas, depois da fracassada invasão armada americana na Bahia dos Porcos, foi alvo de um infame e ilegal bloqueio econômico que já perdura há 60 anos, numa guerra permanente e sem tréguas contra a população do país.

O povo cubano resiste em suas escolhas, enfrentando enormes desafios econômicos e políticos. O fim da URSS, o bloqueio econômico, os limites naturais da ilha, fenômenos naturais (como os furacões), as exigências sempre atualizadas do povo e da juventude, a morte de Fidel, a COVID 19 (com enormes prejuízos ao turismo), não são desafios menores, são gigantescos. Nos momentos mais difíceis, a escolha do governo cubano sempre foi a de cuidar dos mais vulneráveis e afirmar seu internacionalismo solidário. O povo brasileiro conheceu e se encantou com a qualidade e a dedicação das médicas e dos médicos cubanos que trabalharam no Mais Médicos.

Mais uma vez, Cuba é flanqueada com uma “guerra híbrida”, de enorme potência destrutiva, pelos governos americanos de Trump e Biden. Os desafios para os dirigentes do PCC e das organizações políticas do país são enormes. Cuba vive uma transição de suas lideranças políticas, e, com a presidência de Miguel Díaz-Canel, busca uma atualização estratégica para sua economia e sua democracia socialista. O processo de reforma na Constituição Cubana, realizada recentemente e com amplo processo de participação popular, é expressão desta busca democrática. Os investimentos em busca de uma economia com base tecnológica avançada, em especial, nas áreas de biotecnologia, fármacos e vacinas, são expressão dessa busca por uma economia vigorosa.

Cuba, apesar do bloqueio, foi o único país na América Latina a produzir sua própria vacina contra a covid-19 e a imunizar toda a sua população, resultado da sua capacidade tecnológica e do compromisso com a vida do seu povo. Os desafios políticos são enormes para manter, mesmo sob brutal pressão externa desestabilizadora e importantes restrições econômicas, um espaço público interno aberto, capaz de assegurar legitimidade e acerto nas decisões do governo cubano.

Em um momento em que o capitalismo ataca com fúria destruidora as democracias nacionais e os direitos sociais básicos conquistados pela luta popular, quando avança de forma devastadora sobre a natureza do planeta, impondo um padrão de concentração de riqueza e poder político insuportável, o nosso lugar só pode ser o de solidariedade ao povo cubano. Solidariedade à rebeldia, à coragem e à capacidade de luta que o povo cubano tem demonstrado ao longo de sua história para defender suas conquistas socialistas e revolucionárias.

(*) Miguel Rossetto foi deputado federal pelo PT, vice-governador do Rio Grande do Sul e Ministro do Trabalho e Previdência Social

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