Deputados dos EUA pedem apuração sobre militares na eleição brasileira
Emenda ao orçamento da Defesa americana quer o fim da ajuda militar ao Brasil se as Forças Armadas interferirem nas eleições presidenciais
Deputados norte-americanos defendem que a ajuda militar do país ao Brasil seja descontinuada caso as Forças Armadas brasileira interferirem nas eleições presidenciais deste ano. A proposta consta em uma emenda ao Orçamento de Defesa, intitulada “Neutralidade das Forças Armadas brasileiras durante as eleições presidenciais”. O texto está em debate no Congresso americano e ainda precisa ser aprovado.
A emenda defende que o Secretário de Estado dos EUA entregue um relatório sobre a interferência das Forças Armadas brasileiras nas eleições presidenciais de outubro de 2022, e considere tais ações como “proteções estatutárias na assistência de segurança dos EUA”.
1. interferir, impedir ou obstruir a votação, a contagem ou os processos eleitorais por autoridades eleitorais independentes;
2. manipular, procurar manipular ou derrubar resultados das eleições;
3. envolver-se em esforços coordenados de informação ou comunicação para minar a fé popular e a confiança em autoridades eleitorais independentes ou questionar a validade dos resultados eleitorais;
4. usar mídias sociais ou outros sistemas de comunicação de massa, incluindo aplicativos de mensagens móveis, para tentar influenciar opiniões generalizadas sobre a validade dos resultados eleitorais ou com relação à conveniência de qualquer resultado particular; ou
5. encorajar, incitar ou facilitar tumultos físicos, atividades ou contestações em matéria eleitoral, processos, contagens eleitorais ou resultados eleitorais, antes e depois das eleições presidenciais.
A proposta foi feita por um grupo de parlamentares democratas, correligionários do presidente Joe Biden, no âmbito das discussões da Lei de Autorização de Defesa Nacional para o Ano Fiscal de 2023 (NDAA). A informação foi revelada pelo site Brasil Wire.
Os EUA têm programas de cooperação militar com países como Brasil, com exercícios e treinamentos. Desde 2019, o Brasil se tornou um aliado extra-Otan, status que traz facilidades para o governo Boslonaro na aquisição de equipamentos e de tecnologia militares.
Por inciativa do presidente Jair Bolsonaro (PL), as Forças Armadas passaram a questionar o processo eleitoral brasileiro. Em agosto de 2021, o ministro Luís Roberto Barroso, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), convidou os militares para participação na Comissão de Transparência das Eleições, que reúne outros órgãos, como Congresso, Polícia Federal e outras entidades.
Os militares levantaram 88 questionamentos sobre o sistema de votação e sugeriu mudanças, mas quase todas as propostas foram rejeitadas pelo TSE, algumas por questões técnicas.
Pré-candidato a vice defendeu auditoria
Na semana passada, o general Walter Braga Netto (PL), pré-candidato a vice de Bolsonaro, teria dito a empresários que não haverá eleição se não for feita a auditoria dos votos defendida pelo mandatário da República.
A informação foi publicada na coluna da Malu Gaspar, no jornal O Globo, com base na declaração de empresários que participaram do evento.
A ameaça, que teria sido proferida na última sexta-feira (24/6), teria deixado os empresários da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro constrangidos. Houve um incômodo silêncio após a declaração, registrou a colunista.
Em nota, o ex-ministro de Bolsonaro negou que tenha afirmado que sem auditoria não haverá eleições, e alegou que houve uma “má interpreção ou entendimento fora do contexto do interlocutor”.
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