Netanyahu = Bush

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Quando dizem que Israel está a lutar pela sua sobrevivência numa guerra existencial, os membros do governo de Netanyahu estão obviamente a exagerar e estão a instrumentalizar o impacto emocional do horror de 7 de outubro. Ou seja, Israel está a cometer os erros dos EUA após o 11 de Setembro e Netanyahu tem claramente ecos de Bush, até porque está aliado a duas fações radicais, que, tal como o Hamas, recusam o acordo de 67. Querem um Grande Israel. E é por isso também que 70% dos israelitas estão contra Netanyahu neste momento

O tema mais importante desde o 7 de outubro é o regresso em força do antissemitismo nas ruas e até nas Faculdades europeias e americanas. Neste momento, os judeus europeus têm medo – de novo. Aliás, já têm medo há muitos anos e por isso milhares e milhares emigraram no pós-11 de Setembro e pós-Bataclan para Israel. Esta fuga de judeus europeus, acossados por gangues de muçulmanos, é um dos temas tabus dos média encostados à preguiça woke. Tal como é tabu falarmos dos ataques homofóbicos destes gangues muçulmanos.

Como é que os progressistas europeus, autoproclamados defensores de gays e mulheres, ficam calados perante a homofobia e machismo dos homens muçulmanos – mesmo os moderados – e, pior ainda, como é que se aliam de facto aos movimentos mais fascistas de todos (os jihadistas)? Como? No entanto, isto não invalida as críticas duras que é preciso fazer à democracia e ao governo israelita, porque Israel é de facto o grande ator neste tabuleiro.

E aqui é importante relembrar a velha máxima: o terrorismo é uma demonstração de fraqueza de quem o pratica; o seu impacto emocional é inversamente proporcional à sua real potência. O 7 de outubro teve um impacto emocional brutal na sociedade israelita, como é óbvio, mas revela o desespero dos inimigos de Israel, não a sua força. Isto não é 1967 ou 1973, porque do outro lado não estão exércitos capazes de invadir e destruir Israel.

Quando dizem que Israel está a lutar pela sua sobrevivência numa guerra existencial, os membros do governo de Netanyahu estão obviamente a exagerar e estão a instrumentalizar o impacto emocional do horror de 7 de outubro. Ou seja, Israel está a cometer os erros dos EUA após o 11 de Setembro e Netanyahu tem claramente ecos de Bush, até porque está aliado a duas fações radicais, que, tal como o Hamas, recusam o acordo de 67. Querem um Grande Israel. E é por isso também que 70% dos israelitas estão contra Netanyahu neste momento.

Até este momento da História, Israel conseguiu sempre controlar os seus radicais, isto é, aqueles que não querem respeitar as fronteiras de 67. A divisão inédita na sociedade israelita provocada por Netanyahu e seus aliados mostra que os radicais israelitas têm um inédito poder. E este radicalismo neoconservador e messiânico pode ser um problema sério, tal como foi nos EUA. Esse excesso massiânico apaga o realismo clássico da política externa, um prenúncio de erros e mais erros. Além do mais, é óbvio que, para se manter no poder, Netanyahu precisa de uma longa guerra ao terror.

Como dizia há dias Ehud Barak na CNN, a perpetuação dessa guerra e a equivalência entre Palestina e Hamas – que parece estar na resposta em curso – são assim fundamentais para Netanyahu e para os seus aliados radicais que não respeitam 1967. Moral da história? Como diz Barak, é fundamental que um novo governo apareça em Israel, até porque 70% do eleitorado é radicalmente crítico de Netanyahu.

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